“Quem controla o passado controla o futuro.” A frase é da autoria de George Orwell, o escritor britânico cuja sagacidade política se revela intemporal, e pode ser útil para ajudar a compreender a conduta do homem mais escrutinado da atualidade, Vladimir Putin. O Presidente russo é um obsessivo estudioso da História e não é por acaso que exibe uma estatueta de bronze de Pedro, o Grande, no seu gabinete de trabalho, no Kremlin.
O ilustre czar da dinastia Romanov, nascido em 1682, fundador do império russo – o terceiro maior que alguma vez existiu e que chegou a ocupar um sexto da superfície do planeta –, é uma das figuras que Vladimir Putin mais admira. Para o governante que mandou invadir a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022 – por estranha coincidência, exatamente dois séculos depois de um outro czar, Nicolau I, invadir a Polónia –, a Rússia é uma grande potência, com um presente e um futuro que devem fazer jus ao seu passado imperial (1721-1917) e soviético (1918-1991).