“Pela paz, contra a invasão” foi o mote da concentração que hoje juntou, pelas estimativas da polícia, cerca de quatro mil pessoas em frente à embaixada da Rússia em Portugal, uma iniciativa promovida por algumas juventudes partidárias e à qual se associaram líderes partidários como Catarina Martins (BE), João Cotrim de Figueiredo (Iniciativa Liberal), Inês de Sousa Real (PAN) e Rui Tavares (Livre).
“É importante que em todo o mundo os povos se levantem a dizer não à guerra, a dizer que a invasão russa à Ucrânia tem que parar e que é inaceitável”, disse aos jornalistas Catarina Martins, mostrando solidariedade com o povo ucraniano.
Manifestando “muitas expectativas” em todas as conversas que hoje decorrem, a líder do BE enfatizou que “é importante que a União Europeia mantenha a pressão de sanções contra a Rússia para que seja obrigada a parar esta invasão”.
“Preocupa-nos que as sanções tenham sido lentas no que diz respeito à oligarquia russa”, afirmou.
Para Catarina Martins, “a Europa tem sido lenta” e “está-se a dar tempo a que os oligarcas ponham os seus bens a salvo”.
“Nós, por exemplo, propusemos ao Governo português que logo no primeiro momento travasse os vistos ‘gold’ e também aqueles que já foram dados e que permitem a oligarcas russos colocar os seus bens a salvo em Portugal. Na verdade, demorou-se muito tempo a responder e neste momento estão congelados novos vistos ‘gold’, mas aqueles que já foram atribuídos não estão congelados”, lamentou.
Lembrando que “há oligarcas russos com interesses económicos em Portugal, com bens em Portugal e até com vistos ‘gold’ portugueses”, a líder do BE defendeu que “é preciso congelar todos os seus bens imediatamente”.
“É preciso congelar os bens imediatamente porque cada momento que passa sem se congelar os bens colocam os bens em países que não tenham as sanções e, portanto, estão sempre a salvo das sanções económicas”, justificou, pedindo “rapidez e a determinação contra a oligarquia russa”.
Já a líder do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu que é preciso “levar Putin ao Tribunal Penal Internacional para que seja julgado pelos crimes contra a humanidade que está a cometer”, considerando que “a comunidade internacional não pode continuar a assistir e apenas limitar-se a aplicar sanções económicas” já que estas, apesar de serem importantes, “não são suficientes para travar o massacre que está a acontecer contra o povo ucraniano”.
“Hoje é com a Ucrânia, amanhã poderá ser com qualquer outro país. É fundamental que a comunidade internacional se mobilize para o restabelecimento da paz”, apelou, saudando o Governo português por se ter desde logo disponibilizado “para acolher o povo ucraniano, mas também as famílias russas que procurem asilo”.
Pelo Livre, o deputado eleito Rui Tavares afirmou que “apesar de toda a complexidade desta situação”, há momentos na história em que estão em causa “escolhas muito claras” como é este caso.
“Ou ganha o novo imperialismo do senhor Putin ou a Europa demonstra um sentido de unidade, impõe sanções económicas e financeiras que efetivamente tenham consequências e que sejam a maneira de evitar a escalada militar, demonstrando ao regime do senhor Putin que não é impune”, sublinhou, considerando que “a Europa tem que encontrar essa coluna vertebral que lhe tem faltado”.
Para Rui Tavares, “Portugal deve estar na primeira linha da frente dessa defesa e os partidos democráticos e anti-imperialistas portugueses, se querem ser anti-imperialistas, têm que ser neste momento inimigos da estratégia do senhor Putin”.
As juventudes do PS, PSD e CDS-PP, e os partidos Livre, IL e PAN promoveram esta tarde uma manifestação em frente à embaixada da Rússia, em Lisboa, para protestar contra a invasão da Ucrânia e pedir a paz naquele território.
A Rússia lançou na quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
JF // LFS