Dmitri Medvedev já nos habituou a ser a voz mais beligerante no círculo de poder de Vladimir Putin e, esta segunda-feira, 20, apontou a mira ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, ameaçando de morte os juízes que emitiram o mandado de captura internacional para o presidente russo, na passada sexta-feira.
“Infelizmente, senhores, estamos todos à mercê de Deus e de mísseis. É bem possível imaginar um míssil Onix supersónico disparado de um navio russo no mar do Norte contra o tribunal de Haia”, escreveu o ex-presidente da Rússia, entre 2008 e 2012, e atual vice-presidente do Conselho de Segurança nacional, na rede social Telegram.
Medvedev visa diretamente os juízes, que acusa de “se terem entusiasmado em vão”, arrogando-se de “bravos” para fazer frente “à maior potência nuclear”, quando o tribunal de Haia, alega, “não passa de uma organização internacional miserável”, não sendo, por isso, “população de um país da NATO”. Uma linha de raciocínio que usa para concluir que “eles não vão começar uma guerra”, vão antes “ter medo”, porque “ninguém se importará com eles”, elabora, para reforçar a ameaça: “Portanto, juízes do tribunal, olhem com atenção para o céu…”
Antes de o ex-presidente ter ameaçado com “consequências monstruosas” para o TPI e respetivos juízes, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tinha reagido ao mandado de busca internacional que recai sobre Putin com a ideia de que a “Rússia, assim como um certo número de estados, não reconhece a competência desse tribunal e, como tal, todas as decisões são nulas”.
No total, 123 países do mundo reconhecem a autoridade do TPI para julgar crimes de guerra. Putin está acusado de ser “alegadamente responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal de população (crianças) e transferência ilegal de população (crianças) de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa”.