David Eastman, um republicano da Câmara dos Deputados do Alasca, EUA, esteve presente, na passada segunda-feira, numa sessão sobre abuso infantil no estado, onde sugeriu que se as crianças morrerem abusadas até pode ser bom para a economia pública.
Na sala estava um especialista que testemunhara sobre os danos a longo prazo que o abuso infantil causa à economia, à força de trabalho e aos contribuintes, quando as crianças que sofrem abuso se tornam adultos dependentes do governo.
O foco de Eastman durante a sessão passou por qual poderia ser o “benefício” do abuso infantil. O deputado fez mesmo a pergunta: “Como responderia ao argumento que ouvi em que, no caso de o abuso infantil ter sido fatal, obviamente não é bom para a criança, mas na verdade é um benefício para a sociedade porque não há necessidade de recorrer a serviços governamentais e outros durante todo o curso da vida dessa criança?”.
Pasmado com a pergunta, Trevor Storrs, a testemunha especializada e chefe do Alaska Children’s Trust pediu para Eastman repetir a pergunta, acrescentando: “Disse ‘um benefício para a sociedade’?”.
O republicano reforçou a sua posição novamente. “Falando em dólares… Ciclicamente ouvem-se argumentos de que, na realidade, se poupa dinheiro porque essa criança não vai precisar de nenhum desses serviços do governo que, de outra forma, poderiam ter direito a receber e a precisar por crescer neste tipo de ambiente.”
A reação a este comentário foi intensa. O democrata Andrew Gray descreveu os comentários como “ofensivos, insultuosos e sem fundamento”, acrescentando que eram uma ofensa à “dignidade da Câmara”.
Já esta quarta-feira, o deputado Gray apresentou uma moção de censura contra Eastman, que foi votada pela maioria republicana por 35 a um. Apenas o próprio votou contra. Este voto de censura não tem repercussão oficial, mas é uma forma de mostrar insatisfação.
“É importante lembrar que ao longo dos anos ele mostrou ao Alasca quem é, publicando no seu site uma foto sua ao lado de uma citação de Adolph Hitler que clama pelo extermínio das pessoas, e ainda assim foi reeleito três vezes para o cargo”, disse Gray. “Devemos responder como um corpo. Nós devemos fazer algo. Este corpo deve agir.”
Eastman já veio defender-se. “A acusação ultrajante de que de alguma forma eu e os membros do meu distrito apoiamos o extermínio de pessoas ou apoiamos o abuso infantil – quando apostei toda a minha carreira política a defender o contrário – não é aceitável neste órgão”, reclamou Eastman.