O Doomsday Clock, ou o Relógio do Apocalipse, é atualizado todos os anos, e mostra de forma metafórica a iminência de uma catástrofe mundial. Em 2023, segundo os Boletim dos Cientistas Atómicos, estamos a apenas 90 segundos dessa meta, muito longe do tempo que tínhamos em 1991, 17 minutos. A atualização anual deste relógio pretende definir se a humanidade está mais segura ou em maior risco comparando com os anos passados.
“O Relógio do Juízo Final foi estabelecido a 90 segundos para a meia-noite, devido em grande parte, mas não exclusivamente, à invasão russa da Ucrânia e ao aumento do risco nuclear”, lê-se no relatório publicado esta terça-feira. “O novo horário do Relógio também foi influenciado pelas ameaças contínuas representadas pela crise climática e pelo colapso das normas globais necessárias para mitigar os riscos associados ao avanço das tecnologias e ameaças biológicas, como a Covid-19”.
Mary Robinson, presidente do The Elders – organização internacional fundada em 2007 por Nelson Mandela – e ex-alta comissária da ONU para os direitos humanos explica que o relógio é um “alerta para toda a humanidade”. “Estamos à beira de um precipício. Mas os nossos líderes não estão a agir à velocidade ou à escala suficientes para garantir um planeta pacífico e habitável”, mencionando a necessidade da redução das emissões de carbono, o controlo de armas e o investimento na preparação para uma pandemia. “A ciência é clara, mas falta a vontade política. Isso deve mudar em 2023, se quisermos evitar uma catástrofe. Estamos a enfrentar múltiplas crises existenciais”.
O relógio foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, quando os cientistas, como Albert Einstein, começaram a preocupar-se com a tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética. Quando a contagem começou, o relógio estava a sete minutos da meia-noite. Em 1953, assim como em 2018 e 2019, marcava dois minutos.
Em 2021 e 2022, o relógio chegou a marcar 100 segundos para a meia-noite, por causa da pandemia da Covid-19 e dos riscos de uma nova corrida ao armamento. “Estamos a viver numa época de perigo sem precedentes, e o relógio reflete essa realidade. Noventa segundos para a meia-noite é o mais próximo que o relógio já esteve da meia-noite e é uma decisão que os nossos especialistas não tomam de ânimo leve”, disse a presidente do Boletim dos Cientistas Atómicos, Rachel Bronson.