Se as conquistas e os sucessos fazem parte da história, os fracassos também. Na tecnologia acontece o mesmo. E na feira Consumer Electronics Show, em Las Vegas, a Prelaunch, uma plataforma especializada no potencial sucesso dos produtos, fez questão de o relembrar, através da “Galeria dos Fracassos”.
Desde a Apple à Nintendo, passando pela Amazon, cerca de 80% dos novos produtos lançados todos os anos falham, muitas vezes porque os fundadores falharam em avaliar se as pessoas estavam realmente dispostas a gastar dinheiro no que estavam a vender. A conclusão é de Narek Vardanyan, fundador da Prelaunch. “Muitos fundadores pensam que são génios e tudo o que estão a fazer é super certo”, disse à AFP o organizador da galeria. “Mas isso pode fazer com que se queime muito dinheiro e que se perca muitos anos”.
A lista de fracassos é grande, mas Narek Vardanyan decidiu expor apenas 17 invenções, deixando o aviso para os novos empreendedores de todas as áreas, mas em especial da tecnológica.
1 – Fire Phone

Depois do sucesso dos tablets Fire e do Kindle, a Amazon lançou o telefone Fire em 2014, que seria um rival da Apple e da Google. Este foi o primeiro smartphone capaz de interagir em 3D, sem óculos, e incluiu o exclusivo recurso Firefly da empresa, que reconhecia tudo através da lente do dispositivo.
Mas depois de pouco mais de um ano, o Fire Phone desapareceu. Segundo a Prelaunch, se a Amazon tivesse prestado atenção às necessidades do mercado, quantos clientes queriam este telefone e quanto estavam dispostos a pagar, o telefone Fire seria uma forte concorrente dos iPhones ou Samsungs.

2 – Microsoft Zune
A Microsoft criou o seu próprio player portátil, o “Zune”, e acreditava que a capacidade de descarregar música sem necessidade de fios conquistasse os utilizadores, apesar dos vários anos de presença do iPod, da Apple, no mercado.
Até então, a Apple já tinha conquistado quase todo o mercado do mp3. Embora tenha sido uma experiência interessante, o Zune chegou tarde demais para provocar qualquer competição real à Apple e lentamente caiu no insucesso.
3 – iPod Hi-Fi

A Apple acabou por ser a sua própria concorrente. O iPod Hi-Fi, com a novidade do seu sistema estéreo compacto, afundou após 18 meses depois da sua criação. Apesar de a qualidade do som não não ter dececionado os clientes – e até teve uma receção positiva no lançamento – o iPod Hi-Fi nunca conseguiu competir com o facto de o iPod ser portátil, o que acabou por tirar a sua vantagem competitiva.
4 – Twitter Peek
O TwitterPeek tinha como única e principal missão tweetar. O seu final não é difícil de prever: afinal, quem quer carregar dois telefones quando um smartphone normal pode fazer a mesma tarefa? Os utilizadores de smartphones e fãs do Twitter podem facilmente concordar que o TwitterPeek não atingiu o pico esperado pelos fabricantes devido à sua pouca praticabilidade.
5 – Microsoft Kin One

Com teclados deslizantes, a Microsoft tentou comercializar o telemóvel KIN que teve uma vida curta, ficando no mercado apenas seis semanas. O novo aparelho Microsoft prometia ser forte nos portais sociais, disponibilizando funcionalidades que agregavam as novidades de utilizadores registados em portais como Facebook, Twitter ou MySpace. O telemóvel foi anunciado como um aparelho para os jovens entre os 15 e os 30 anos, mas, e apesar de os preços do produto terem baixado, a Microsoft decidiu descontinuar o KIN por causa das fracas vendas.

6 – The Virtual Boy
Em 1995, a Nintendo lançou o The Virtual Boy numa tentativa de criar uma experiência de jogo 3D revolucionária. Foi um projeto ambicioso que falhou, em primeiro lugar porque o preço do dispositivo era muito alto para a época, tornando-o inacessível para a maioria dos jogadores, e depois porque surgiram relatos de jogadores que ficavam com dor de cabeça, no pescoço, nos olhos e nas costas.
A Nintendo comercializou o consola como um dispositivo “3D”, mas falhou tendo em conta às expectativas dos jogadores ávidos. Um ano depois, o Virtual Boy acabou.
7 – Oakley Thump
Lançados em 2004, os óculos Oakley’s Thump tinham como propósito proteger do sol e ter uns fones incorporados, não havendo a necessidade de ter um dispositivo apenas para a música. Mas a Oakley subestimou a importância do estilo e da praticabilidade quando se trata de tecnologia, enfatizando a qualidade do som em detrimento do conforto e do design.
Apesar do seu insucesso, os óculos deram que falar muito recentemente por causa do jogador de futebol Neymar, que os utilizou durante o Mundial de 2022.

8 – Sony Google TV Remote
O Sony Google TV Remote foi um comando que deveria simplificar e modernizar a experiência de estar em frente a uma televisão. Mas o facto de ser difícil de usar, ser confuso e muitas vezes falhar, fez com que o produto fracassasse. Com mais botões do que os necessários, os especialistas afirmam que foi uma experiência mais complexa do que o que se previa, mesmo quanto era só para mudar de canal.
9 – Apple Pippin

Nos anos 90, a Apple decidiu entrar no mundo dos jogos e lançou a sua própria consola, a Apple Pippin. O aparelho era mais rápido e mais poderoso que os seus concorrentes, mas acabou por tornar-se um falhanço, um pouco por causa do alto preço, mas também porque simplesmente não havia jogos suficientes para jogar nele. Em maio de 2006, o Pippin foi colocado em 22º lugar na Lista dos “piores produtos de todos os tempos” pela PC World Magazine.
10 – O perfume Harley Davidson

O objetivo era passar a ideia e a mensagem que as motos Harley Davidson transmitem, mas para dentro de um frasco. Apesar de não ser um falhanço tecnológico, a empresa Harley Davidson rapidamente percebeu que não dá para reproduzir a sensação de liberdade, aventura e adrenalina em cheiro. O fracasso da fragrância podia ter sido evitado se os criadores obtivessem um feedback do cliente antes de mergulhar no desenvolvimento do produto.
11 – Nike Magneto

A visão da Nike, quando desenvolveu os óculos Magneto, era dar aos atletas a oportunidade de prender magneticamente os óculos nas têmporas, evitando que estivessem sempre a cair ou a atrapalhar. A receção da Nike Magneto foi um misto de reações, mas o produto acabou por se revelar inútil. Além disso, a empresa percebeu que as pessoas não gostavam muito de colar ímans na cara. Apesar do entusiasmo inicial da Nike, a ideia de óculos magnetizados nunca foi um sucesso e não conseguiu ganhar força no mercado.

12 – Nike Fuel Band
A Nike Fuel Band começou por ser um sucesso: todos queriam ter a mais nova peça de tecnologia no pulso. O objetivo era ajudar as pessoas a manterem-se ativas e motivadas. As pulseiras incluíam uma porta USB, sensores de luz para regular a intensidade dos LEDs informativos e ligação Bluetooth.
Mas a Fuel Band simplesmente não tinha potência suficiente para continuar, uma vez que a Nike teve problemas com o software e não entendia as motivações dos consumidores para adotar este tipo de tecnologia, acabando por ficar para trás quando surgiram outras pulseiras com o mesmo objetivo.
13 – DeLorean DMC-12

O DeLorean não era um carro comum, ou pelo menos era isso que era promovido. Na época do lançamento, a imprensa automóvel elogiou o DeLorean, mas na altura de o usarem todos notaram um desempenho dececionante, especialmente aqueles que realizaram testes comparativos com outros veículos.
Aquele que seria um reflexo dos filmes “Regresso ao futuro”, muito por causa das suas portas em formato de asa, acabou por ser um bom projeto de design, mas um fracasso na sua execução.

14 – Máscara Facial Rejuvenescedora
Lançada em 1999, a Máscara Tonificante Facial Rejuvenique foi criada para que, através da estimulação elétrica, fosse restaurada a aparência jovem. Se a ideia era ser um produto duradouro, a sua missão ficou logo condicionada porque a agência Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos declarou a máscara insegura em 2000 e, um ano após o seu lançamento, afirmou que sem a aprovação da FDA, ‘a comercialização de Rejuvenique é uma violação da lei’.
15 – Perfume Bic

Do ponto de vista de marketing, os perfumes da Bic foram uma ideia que deixou muito a desejar. A tentativa de trazer ‘Paris no bolso’ foi ambiciosa, mas não funcionou. E sem a opção de teste disponíveis nas lojas, o produto sofreu um julgamento ainda mais fácil e pesado. O produto em si era um grande conceito, mas não foi suficiente para se diferenciar dos outros perfumes do mercado.

16 – Nokia N-Gage
O design do Nokia N-Gage deixou para trás algo que não conseguia decidir se queria ser um telefone ou um comando de jogos, e acabou por não ser nenhum dos dois, tornando-se obsoleto. Criado em 2003, o modelo tinha um ecrã de 2,1 polegadas e botões laterais para ajudar nos jogos.
17 – Nintendo Wii U

O Nintendo Wii U, na prática, era um pouco complexa para os jogadores por causa dos controladores. Por um lado, o comando era muito volumoso para ser o escolhido na hora de o transportar, enquanto, por outro lado, faltava a solidez de uma peça estável de hardware. Esta falta de praticabilidade fez com que fosse um produto classificado como “falhanço” , segundo a Prelaunch.