Fluente em mandarim, François Bougon foi correspondente da agência France-Presse em Pequim e, com base na sua experiência e no seu conhecimento, escreveu um dos livros fundamentais para compreender o percurso e a personalidade de Xi Jinping. Intitulado Na Cabeça de Xi (ed. Zigurate), o livro chega agora a Portugal, numa versão revista e com um novo capítulo, sobre os últimos desenvolvimentos em Pequim, escrito propositadamente para a edição portuguesa. Atualmente, editor do serviço internacional do jornal eletrónico Mediapart, François Bougon, em entrevista à VISÃO, alerta para as consequências do poder absoluto de Xi: “Temos de ser menos ingénuos em relação à China”
Ficou surpreendido com a quantidade de poder que Xi Jinping consolidou neste 20º Congresso do Partido Comunista Chinês?
Absolutamente nada surpreendido. Se virmos tudo o que aconteceu na China na última década, desde que Xi Jinping ascendeu à liderança, percebemos como ele, ano após ano, afastou os seus adversários e promoveu os seus aliados. Fez isso em todo o lado: no partido, no governo, no exército. Terminado o congresso, não consigo ver, no interior do partido, qualquer oposição capaz de enfrentar Xi Jinping.