Segundo uma das relatoras da investigação, Lynn Welchman, a 10 de junho, os bombardeamentos de Israel ao aeroporto internacional de Damasco provocaram “estragos significativos” e “impossibilitaram a utilização da pista”, que só viria a reabrir duas semanas mais tarde, e levou à “suspensão de toda a assistência humanitária”.
“Isso é extremamente sério”, frisou Welchman em Genebra, adiantando que a comissão de investigação confirmou que Israel efetuou 14 ataques aéreos na Síria entre janeiro e junho, tendo-se registado outros em agosto.
“Até agora não conseguimos confirmar a existência de baixas civis, que são as vítimas que procuramos identificar”, acrescentou a relatora, que lembra que, apesar das evidências, Israel raramente reconhece ou discute que efetua ataques a alvos na Síria.
No entanto, Israel reconhece que tem como alvo bases de grupos militantes aliados do Irão, como o Hezbollah do Líbano, que enviou milhares de combatentes para apoiar as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Welchman disse que o envolvimento contínuo de terceiros em atividades militares no espaço aéreo sírio ou mesmo no solo “não conduz de forma alguma à proteção de civis em qualquer parte da Síria”.
No início deste mês, Israel realizou um ataque aéreo no aeroporto internacional de Alepo, no norte da Síria, deixando-o fora de serviço por vários dias. As operações aeroportuárias foram retomadas na passada sexta-feira.
Falando sobre o extenso campo de al-Hol, no norte da Síria, que abriga cerca de 50.000 sírios e iraquianos ligados ao grupo Estado Islâmico (EI), o comissário Hanny Megally adiantou que 20.000 são crianças e que a grande maioria são as mulheres ou viúvas de combatentes do movimento ‘jihadista’.
Num anexo separado do campo, também sob forte vigilância, estão mais cerca de 2.000 mulheres de 57 outros países — consideradas as defensoras mais obstinadas do EI — em conjunto com os filhos, totalizando cerca de 8.000.
Sobre os combatentes do EI detidos em prisões controladas pelas Forças Democráticas Sírias, lideradas pelos curdos no nordeste do país e apoiadas pelos Estados Unidos, Megally indicou que existem 10 prisões na região, que contam com cerca de 10.000 detidos do sexo masculino, oriundos de 20 países diferentes, em que mil são menores de 18 anos.
“Temos tido fortes discussões. As crianças não devem ser detidas juntamente com adultos, sobretudo se se suspeitar que os adultos são realmente ex-combatentes” do EI ou desempenharam um papel no Estado Islâmico, disse Megally.
“A situação deles é muito ambígua, pois não há um processo legal”, disse Megally, acrescentando que alguns Estados membros pediram que fosse criado um tribunal para que todos possam ser julgados.
“Mas não somos a favor disso, porque tal abre todo o tipo de outras questões sobre provas e julgamentos justos”, concluiu.
JSD // APN