Em tempo de eleições prometem-se quase sempre mundos e fundos. Como Angola não é uma exceção, o Presidente do país, João Manuel Gonçalves Lourenço, vulgarmente tratado por JLo, pôs a sua assinatura num decreto especial, publicado no Diário da República, a 22 de julho de 2022. Objetivo: aprovar um pacote adicional de despesas públicas, no valor de 158 milhões de euros – verba irrisória num estado soberano com riquezas colossais e 13 vezes maior do que Portugal. Principais beneficiados: os serviços de segurança, de telecomunicações, de comunicação social e ainda alguns projetos avulso, na área da construção, em diferentes pontos do território. Quarenta e oito horas depois, o governo de Luanda entrava em gestão corrente e começava oficialmente a campanha para as eleições gerais de 24 de agosto.
Durante um mês, o cabeça de lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, “o partido dos camaradas” ou apenas “M”, como também é designado) encarregou-se de afiançar aos seus compatriotas que era ele o único dos candidatos a garantir “o bem-estar do povo”. Uma mensagem repetida nos comícios realizados nas 18 províncias angolanas e traduzida diariamente nas emissões da TPA, o canal público de televisão, e nas manchetes do Jornal de Angola, os órgãos oficiais do regime. Logo no seu primeiro “ato político de massas”, Lourenço anunciou que Luanda vai ter uma “cidade aeroportuária” e que os primeiros aviões vão começar a aterrar nas novas pistas “já em abril do próximo ano”.