Nas últimas oito semanas, milhares de pessoas no Reino Unido trabalharam quatro em vez de cinco dias por semana, sem qualquer corte no salário, com o compromisso de que a sua produtividade não iria diminuir. O teste durará seis meses, mas os trabalhadores já se sentem “mais felizes, mais saudáveis e mais produtivos”.
Lisa Gilbert, gerente de empréstimos do Charity Bank descreve sua nova rotina à CNN como “fenomenal”. “Eu posso realmente aproveitar o meu fim de semana porque tenho a sexta-feira para as minhas tarefas e os meus outros afazeres ou… se só quiser levar a minha mãe a passear, posso fazê-lo sem me sentir culpada”.
A gerente conta que, com este dia extra, pode ir às compras sem pressas e sem se levantar às seis da manhã, como acontecia antes. E são exemplos como o de Lisa Gilbert que os investigadores vão analisar e medir o impacto deste novo padrão, sempre tendo em conta os níveis de produtividade, a igualdade de género, o ambiente de trabalho e o bem-estar dos funcionários.
No final de novembro, as empresas podem decidir se vão ou não seguir o novo cronograma. Mas nem todas as experiências, no início, foram tranquilas. Na verdade, para Samantha Losey, diretora-gerente da Unity (agência de relações públicas), a primeira semana foi “genuinamente caótica”, com a equipa pouco preparada para as mudanças de trabalho.
“Para ser totalmente honesta, as duas primeiras semanas foram realmente uma confusão. Eu pensei que tinha cometido um grande erro. Eu não sabia o que estava a fazer”, disse. Mas conseguiram adaptar-se: por exemplo, a empresa baniu todas as reuniões internas com mais de cinco minutos; todas as reuniões com clientes têm 30 minutos; e têm um sistema de “semáforo” para evitar distúrbios desnecessários – verde significa que estão disponíveis e podem falar, amarelo ocupados e vermelho não podem ser interrompidos.
Losey garante que a sua equipa está num bom caminho, mas admite “absolutamente” a possibilidade de restabelecer um cronograma de cinco dias se os níveis de produtividade caírem. “Há uma boa hipótese de 25% de não conseguirmos manter o plano, mas a equipa até agora está a lutar muito por isso”, afirma.
Gary Conroy, fundador e CEO da 5 Squirrels, fabricante de produtos para a pele foi mais além e implementou o “tempo de trabalho profundo” para garantir que seus funcionários continuam produtivos. Isto é, durante duas horas todas as manhãs e duas horas todas as tardes, a equipa de Conroy ignora e-mails, chamadas ou mensagens do Teams e concentram-se nos seus próprios projetos. “Parece uma biblioteca, e todos baixam a cabeça e mergulham no trabalho”, explica. Os resultados superaram as expectativas de todos.
Para Emily Morrison, diretora de contas da Unity, a semana de trabalho mais pequena foi fundamental para a sua saúde. “Ter mais tempo de inatividade e menos ‘domingos assustadores’ no fim de semana ajudou a melhorar a minha saúde mental e a abordar a semana com uma atitude mais positiva, em vez de ficar stressada”, conta.
No mesmo sentido, Mark Howland, diretor de marketing e comunicações do Charity Bank, diz que usa o dia de folga para melhorar sua saúde física e psicológica. “Com o dia de folga, tenho feito longos passeios de bicicleta, cuidado de mim, ter mais tempo para mim e depois tendo o fim de semana inteiro para fazer as coisas em casa e passar tempo com a família”, disse Howland.
É improvável que o banco volte a ser como era, garante. “A semana de trabalho de cinco dias é um conceito do século 20, que não é mais adequado para o século 21”, exclama.