A Federação Internacional de Natação (FINA) votou, no passado domingo, dia 19, na proibição da participação de mulheres transgénero em competições femininas, caso as atletas tenham atravessado a fase da puberdade como rapazes. E apesar da decisão não obrigar nenhum dos 152 membros que compõem a FINA a aplicar esta regra, a Federação Portuguesa de Natação (FPN) vai fazê-lo já a partir de setembro.
“A federação vai adotar estas medidas, aliás, foi um dos principais promotores das alterações. Irão a reunião de aprovação e depois iremos implementar estas medidas”, explicou António José Silva, presidente da Federação Portuguesa de Natação, à Tribuna Expresso.
A FINA apresentou um relatório realizado por um painel científico que demonstrava como as atletas trangénero tinham vantagem em relação às adversárias cisgénero, mesmo depois de terem reduzido os seus níveis de testosterona através de medicação, e a federação portuguesa demonstrou-se assim “completamente favorável” às alterações propostas.
“Na ótica do exercício e da performance, é óbvio que os transgéneros masculinos participarem em competições femininas têm uma vantagem competitiva inquestionável”, diz António José Silva, ao argumentar que tal é “decorrente do que são os benefícios das alterações físicas que decorrem da produção hormonal, nomeadamente da testosterona a partir da puberdade”.
Além disso, o dirigente considera que “seria altamente prejudicial e injusto, em termos competitivos, pô-los em condições de competição iguais à identidade sexual de mulher”. Já na “ótica dos direitos humanos”, defende que “a inclusão não se pode sobrepor a um critério desportivo fundamental que é a justiça na competição”.
António José Silva diz que até ao momento a federação nunca recebeu, entre “os atletas filiados”, qualquer “requisição” de atletas trans “no sentido de as incluir neste âmbito”, acrescentado que a entidade “não tem conhecimento” da existência atletas federadas. Ainda assim, a FPN vai mesmo avançar com a medida porque “mais vale prevenir do que remediar”.