Na passada quarta-feira, dia 25, Nancy Brophy foi condenada em tribunal pelo homicídio do seu marido, Daniel Brohpy, de 63 anos, chefe de cozinha e professor no Instituto Culinário de Oregon, nos EUA, local onde o seu corpo foi encontrado. A norte-americana de 71 anos terá assassinado Daniel Brohpy a 2 de junho de 2018, com recurso a uma arma de fogo.
O detalhe mais curioso deste caso prende-se não com o crime em si, mas com a ocupação profissional de Nancy Brophy. A americana teve uma série de empregos ao longo dos anos, incluindo um período como vendedora de seguros, mas a única constante na sua vida profissional é a sua devoção à escrita. Nunca teve grande sucesso comercial ou reconhecimento artístico, mas tem vários livros publicados.
Regra geral, Brophy escrevia o tipo de romances que faz lembrar a saga literária “50 sombras de Grey”, com enredos recheados de relações amorosas complexas e traição e títulos sugestivos como “O Polícia Errado” ou “O Amante Errado”. Mas também se dedicava a escrever ensaios, tendo um blogue na internet onde publicava textos regularmente.
Um desses ensaios, de 2011, é intitulado “Como matar o seu marido”. Nele, Brophy escreve que a mulher tem de ser “organizada, impiedosa e muito esperta” se quiser cometer homicídio e não acabar atrás das grades. “Afinal, se o assassinato é suposto libertar-me, certamente não quero passar tempo algum na prisão”, escreveu no mesmo texto. “E digo-vos claramente, não gosto de macacões e laranja não é a minha cor favorita”, acrescentou numa referência ao uniforme usado nos estabelecimentos prisionais dos EUA.
Agora, um júri da cidade de Portland, no estado do Oregon, afirmou que esta intenção expressa por Brophy em 2011 foi mesmo levada a cabo em 2018, quando a ex-romancista terá executado dois disparos contra o seu marido.
A razão aparente para o crime encontrada pelos procuradores: problemas financeiros e a possibilidade de receber uma compensação pelo seguro de vida de Daniel Brophy, que, nos anos que antecederam a sua morte, tinha vindo a ser reforçado com pagamentos de centenas de dólares por mês.
Para a polícia local e para os procuradores, as provas são claras: Brophy detinha uma arma em casa com o mesmo modelo da arma do crime; e, tendo em conta as imagens das câmaras de vigilância em torno do Instituto Culinário de Oregon, a polícia consegui confirmar que Brophy esteve presente no local do crime pouco tempo antes dos disparos – o que contradiz a declaração inicial da escritora garantindo que estava em casa quando o homicídio ocorreu.
Segundo as susspeitas da procuração, com vista a confundir as autoridades, Brophy trocou o cano da sua arma após os disparos e, imediatamente depois, deitou-o fora e substituiu-o por outro – este segundo já limpo de qualquer prova incriminadora. Mas os registos de internet de Brophy não deixaram dúvidas: pouco tempo antes do homicídio, a escritora adquiriu um cano extra para a arma em questão no site de compras online eBay.
Brophy diz-se inocente e afirma que o facto de ter estado presente no local do crime àquela hora não passa de uma coincidência. Referiu também que não só o seu casamento estava em ótimo estado, como os problemas financeiros do casal não eram assim tão graves, não havendo, por isso, nada que justificasse um homicídio. Por sua vez, a sua equipa de defesa defende que todo o caso é construído à base de “suspeição” e “conjetura”. “Um editor iria rir-se e dizer ‘acho que tens de trabalhar melhor esta história. Está repleta de buracos’”, ironizou Brophy.
Os próprios procuradores admitem que a acusação é baseada apenas em “provas circunstanciais”, mas, dizem, “Nancy é a única pessoa que pode ter cometido este crime”, sendo o trabalho do júri desenlaçar este “puzzle” de modo a chegar à sua conclusão.
Esse mesmo júri chegou à sua conclusão na quarta-feira, e condenou Nancy Brophy de homicídio. A sentença final por parte do juiz atribuído ao caso é esperada para 13 de junho.