Foi, até agora, o nono ataque a uma escola dos EUA dos últimos 40 anos que mais vítimas provocou, entre mortos e feridos. De acordo com a empresa alemã Statista, o tiroteio que ocorreu esta terça-feira numa escola primária na cidade de Uvalde, no estado norte-americano do Texas, e que matou pelo menos 19 crianças entre os 5 e os 11 anos, está entre os dez piores desde 1982.
A ocupar o primeiro lugar da tabela que nem devia existir está o massacre na Universidade Virginia Tech, a 16 de abril de 2007, em Blacksburg, Virgínia, onde Cho Seung-Hui, de 23 anos, matou 32 colegas e professores antes de se suicidar. O ataque, o mais mortal da história a escolas nos EUA, provocou ainda 23 feridos. Já o ataque à Columbine High School, também em abril de 1999, no Colorado, perpretado por Eric Harris e Dylan Klebold, provocou 13 mortos, 12 alunos e um professor, além de mais de 20 pessoas terem ficado feridas.
Em 1989, um homem de 24 anos dirigiu-se à Cleveland Elementary School e, durante o intervalo das aulas, disparou contra os alunos, matando cinco pessoas e deixando cerca de 30 feridas, antes de se suicidar. Já a 14 de fevereiro de 2018, quase 30 anos depois, Nikolas Cruz, de 19 anos, entrou no liceu Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, do qual tinha sido expulso no ano anterior devido a motivos disciplinares, e matou 17 pessoas, ferindo outras 17, antes de ser detido. Em outubro de 2021, declarou-se culpado dos 17 homicídios cometidos com uma espingarda de assalto. “Lamento verdadeiramente o que fiz, carrego o peso disso todos os dias”, referiu o jovem.
Em maio de 1998, Kipland Kinkel, de 15 anos, matou os seus pais antes de se dirigir à Thurston High School em Springfield, Oregon, e disparar contra dois dos seus colegas, matando-os, e ferir outros 25. Depois de ser detido, Kinkel declarou-se culpado pelos homicídios e tentativa de homicídios e foi condenado a 111 anos de prisão sem ter a possibilidade de sair em liberdade condicional.
Adam Lanza tinha 20 anos quando, a 14 de dezembro de 2012, se dirigiu à escola primária de Sandy Hook em Newtown, Connecticut, nos EUA, matando 20 alunos e seis professores. Pouco antes, em casa, matou a própria mãe, Nancy Lanza, de 52 anos, com quatro tiros na cabeça. É, até agora, o segundo ataque a escolas dos EUA mais mortal.
Em 2008, a 14 de fevereiro, Steven Kazmierczak abriu fogo na Northern Illinois University com uma espingarda e três pistolas, matando cinco estudantes e ferindo cerca de 20 pessoas, antes de se suicidar; dez anos depois, Dimitrios Pagourtzis, um estudante de 17 anos da Santa Fe High School, no Texas, dirigiu-se ao estabelecimento e matou oito alunos e dois professores, deixando ainda 13 pessoas feridas.
Isla Vista, na Califórnia, foi palco de um massacre a 23 de maio de 2014, quando Elliot Rodger, de 22 anos, se dirigiu à Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, e matou seis pessoas, ferindo outras 14. Os assassinatos começaram antes, no apartamento de Rodger, onde os três companheiros de casa foram encontrados mortos por esfaqueamento. O jovem suicidou-se depois de cometer os homicídios. Era filho do cineasta e fotógrafo Peter Rodger.
EUA registaram cerca de 50 tiroteios desde o início do mês. “Basta”, diz Kamala Harris
Dia 13, 16 pessoas ficaram feridas em Milwaukee, Wisconsin, tendo sido detidos cinco homens. No dia seguinte, um ataque com motivações racistas provocou 10 mortos em Buffalo, Nova Iorque, e três pessoas ficaram feridas. A procuradoria distrital do condado de Erie, no norte do estado de Nova Iorque, identificou o autor do tiroteio como Paytin S. Gendron, de 18 anos. Logo no dia 15, uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas na Califórnia e no mesmo dia foram mortas duas pessoas e três ficaram feridos num tiroteio num mercado em Houston, no Texas. Desde o início do mês, os EUA registaram pelo menos 50 tiroteios, uma média de dois por dia.
Depois do ataque desta terça-feira, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que referiu que “nada se compara ao coração partidos das famílias” que perderam os seus entes queridos, criticou a política das armas nos EUA. “Basta. Como nação, temos de ter a coragem para agir e entender o nexo entre os responsáveis e as políticas públicas para garantir que nunca mais acontece outra vez”, afirmou.
Já o presidente dos EUA, Joe Biden, referiu que os “tiroteios em massa não acontecem em mais lugar nenhum do mundo com a frequência com que acontecem na América” e que, “como nação”, tem de se fazer a pergunta: “quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o ‘lobby’ das armas?”.