Se acha que em todo o lado do mundo a idade é contada da mesma forma, está enganado. Na verdade, na Coreia do Sul até existem três métodos. Um deles prevê que todos os bebés, exatamente no dia em que nascem, fiquem automaticamente com um ano de idade (já que tecnicamente estão há nove meses a desenvolverem-se). E também “fazem anos” no dia 1 de janeiro, o que quer dizer que um recém-nascido a 30 de dezembro de 2021, por exemplo, fez oficialmente dois anos mal arrancou 2022.
Existe ainda um outro sistema, em que o bebé nasce com zero anos, mas o seu aniversário é também no dia de Ano Novo. Nesta contagem, o mesmo recém-nascido entrou neste ano com um ano de idade. No caso do sistema internacional, usado em Portugal, o aniversário celebra-se, claro, no dia em que se nasceu.
O novo Presidente da Coreia do Sul, Yoon Seok-yeol, quer, no entanto, acabar com o método coreano e alinhar-se com o método internacional. Ora, alteração do sistema de contagem de idade em vigor retirará, pelo menos, um ano de idade a todos os cidadãos sul-coreanos.
Segundo a equipa de trabalho, o Presidente quer que esta transição aconteça o mais depressa possível. Os mesmos garantem que os diferentes métodos de cálculo da idade resultam numa “confusão persistente” e “custos sociais e económicos desnecessários”.
“A globalização tornou os coreanos mais conscientes da era internacional. Isso tem um impacto nos jovens, pois sentem que os coreanos estão a ser ridicularizados [por esses sistemas de contagem]”, afirma Kim Eun-ju, professor de Direito e Política da Universidade Hansung à BBC.
Na pandemia, muitos coreanos relataram problemas com a idade para definir a elegibilidade para a vacinação e o acesso a locais onde era necessária a inoculação. O que aconteceu foi que algumas pessoas não puderam tomar dose de reforço por não terem a idade internacional necessária, mas necessitavam de mostrar comprovativo de vacinação de acordo com a “idade coreana”.
Já antes da pandemia se tentou alinhar a Coreia com o internacional. Em 2019 e 2021, dois legisladores propuseram projetos de lei semelhantes que, posteriormente, não foram aprovados no parlamento coreano.
Anteriormente, o método da “idade coreana” era usado por diversos países asiáticos, como a China e o Japão, mas foi sendo abandonado ao longo das décadas.