Cinco anos depois de ter surpreendido os franceses com um inicio de mandato frenético, com o lançamento de uma série de reformas que também rapidamente fizeram descer os seus níveis de popularidade, Emmanuel Macron foi dizendo ao longo da campanha eleitoral que, desta vez, pretende atuar com mais calma e, acima de tudo, ouvir mais os franceses.
Assim, até porque também vai ter de esperar pelo resultado das eleições legislativas de 12 e 19 de junho para desenvolver as suas principais medidas, Emmanuel Macron já afirmou que quer lançar e liderar “um novo grande debate permanente” com todos os cidadãos, avisando que, desta vez, será necessária “benevolência na implementação das reformas económicas”.
Ao longo dos últimos meses, Macron foi elencando as suas prioridades, que prevê lançar a partir do próximo verão. São, basicamente, estas:
Combater o custo de vida – A luta +elo poder de compra tornou-se a prioridade de campanha – até porque foi a primeira bandeira de Marine Le Pen – e, por isso, Macron já anunciou que pretende adotar uma “lei excecional” que permitirá, em particular, reindexar todas as pensões à inflação – localizada em torno de 4% -, além de outros apoios para os trabalhadores independentes. O Presidente reeleito também pretende que as empresas que obtenham bons resultados sejam obrigadas a pagar um “dividendo aos empregados”. De duas formas: ou através da participação nos lucros ou pelo alargamento do chamado “bónus Macron” – criado em 2019 para responder às exigências dos “coletes amarelos”. Essa medida prevê que os patrões paguem aos empregados que ganham menos de três salários mínimos um bónus isento de impostos para o trabalhador e de contribuições de Segurança Social para o empregador. Esse bónus estava limitado a mil euros e agora Macron quer aumentá-lo para 6 mil euros. No imediato, o Presidente reeleito pretende também proceder a um aumento de salários dos funcionários públicos, embora ainda não se saiba em que moldes e com que critérios. Prometeu também aumentar a pensão mínima dos atuais 980 euros para 1100 euros
Reforma da Segurança Social – Esta foi uma das suas medidas mais polémicas, mas será também uma das mais urgentes. Embora inicialmente Macron quisesse aumentar a idade legal de reforma de 62 para 65 anos, e avançar com isso já no final do verão, ele acabou por dizer que a adiaria para “o próximo outono”, após uma “profunda consulta com os parceiros sociais”. A sua proposta passa, agora, por fazer aumentar quatro meses por ano a idade de reforma, de forma a que ela esteja nos 64 anos “em 2027-2028”.
Foco na Saúde e na Educação – Nos grandes setores da governação, Macron é mais vago, mas em entrevista ao jornal Le Fígaro, no início de abril , prometeu lançar reformas no ensino, saúde e justiça “desde o primeiro ano”, embora sem avançar muitos pormenores. Mesmo assim, prometeu lançar grandes debates sobre a reforma da educação e da saúde, de forma a melhor “adaptar as soluções às realidades no terreno”. Na educação, Macron pretende em particular aumentar “significativamente” os salários dos professores e “definir com eles novas missões”. E na saúde, após dois anos de crise sanitária, promete reforçar “a política de prevenção” e a melhoria do “acesso aos cuidados de urgência”.
Mais Europa – No campo da diplomacia, Macron já anunciou que pretende continuar a tradição francesa e, por isso, a sua primeira viagem ao exterior deverá ser a Berlim para se encontrar o chanceler alemão, Olaf Scholz. Em maio de 2017, ele fez o mesmo, encontrando-se com Angela Merkel. De qualquer forma, embalado por esta vitória interna, a sua prioridade passará, acima de tudo, pelo palco internacional, nomeadamente voltando a tentar assumir-se como mediador na guerra na Ucrânia.