A análise, citada em comunicado divulgado hoje pelo IMD, aponta a Assembleia da República (AR) e as assembleias provinciais como exemplo de défice de representação da juventude nas instituições políticas moçambicanas.
“O estudo que fizemos mostra que a representação de jovens na política tende a reduzir significativamente”, enfatiza.
Na AR, por exemplo, o número mais elevado de jovens no parlamento foi de 68, registado na quarta legislatura, em 1995, mas a atual legislatura, que é a nona, iniciada em 2020, conta com o número mais baixo, apenas 17 jovens, correspondendo a 6,8%.
“E destes 17 jovens, sete vão sair da faixa etária de jovens, restando apenas 10 e até ao final do mandato serão seis”, disse Dércio Alfazema, diretor de Programas do IMD, citado no documento.
Por outro lado, prossegue o estudo, o espaço democrático não tem sido favorável para que os jovens possam concorrer a órgãos eleitos.
As assembleias provinciais também têm um défice de representatividade dos jovens, com uma presença “menor” deste segmento da população.
“Nas assembleias provinciais também é preocupante a falta de representatividade dos jovens, pois, no atual mandato, de cerca de 800 membros das assembleias provinciais, foram eleitos apenas 62 jovens, o equivalente a 8% do universo total”, lê-se no texto.
Esta tendência regressiva na inclusão e representação juvenil está a preocupar a juventude, avança o documento.
“Os jovens membros das ligas juvenis dos partidos políticos demonstraram alguma frustração e desinteresse pela política resultante deste retrato de exclusão, pois as suas expetativas não têm sido devidamente correspondidas”, enfatiza o estudo.
Os jovens estão a perder motivação em relação à política, observa o IMD.
Aquela ONG felicita a maior presença da mulher nas instituições políticas moçambicanas, cifrando em 40% a taxa de representação feminina nos órgãos políticos.
Alerta, contudo, que a elevada taxa de representatividade da mulher pode estar a acontecer em prejuízo da juventude.
“O debate sobre a inclusão de jovens na política pode estar a ser adiado para priorizar a agenda sobre género”, nota.
O estudo avança que os partidos políticos reconheceram o papel do jovem na política e comprometem-se com uma maior valorização deste grupo.
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