A situação no Sri Lanka está a tornar-se cada vez mais grave: já quase sem medicamentos para tratar os cidadãos e salvar vidas, os médicos alertaram que a crise económica pode ser mais mortífera que a pandemia.
Segundo as autoridades de saúde, já faltam medicamentos para tratar os ataques cardíacos e tubos para ajudar bebés recém-nascidos a respirar. Já vários hospitais suspenderam as cirurgias, porque não têm anestesias, e reduziram bastante o número de exames laboratoriais.
“Nós temos de fazer escolhas muito difíceis. Temos que decidir quem recebe tratamento e quem não recebe”, afirmou a Associação Médica do Sri Lanka (SLMA) este domingo. “Se os medicamentos não forem repostos dentro de dias, as vítimas serão muito piores do que as da pandemia.”
“Todos os hospitais do Sri Lanka estão à beira do colapso”, garante Senal Fernando, secretário do sindicato Associação de Médicos do Governo. “A situação vai deteriorizar-se nas próximas duas semanas e as pessoas vão começar a morrer se não forem tomadas medidas agora.”
Há semanas que o país sobrevive com falhas e apagões de energia, assim como a escassez de alimentos e combustível. A isto soma-se a deterioração da economia, as restrições às importações e os recolheres obrigatórios devido à pandemia.
Este fim de semana, milhares de pessoas enfrentaram a chuva para manter a manifestação do lado de fora do escritório do primeiro-ministro do país, Mahinda Rajapaksa, na capital Colombo. Entoando palavras de ordem anti-governamentais, os cidadãos pedem que se dê “lugar a uma liderança mais jovem”.
O país está à beira da falência, apresentando uma dívida externa de cerca de 25 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros) e uma diminuição das reservas externas. Esta já é considerada a maior e pior recessão desde a independência do Sri Lanka, em 1948.
O Governo já teve de recorrer à China e à Índia para obter empréstimos de emergência e é expectável que até ao fim do mês inicie conversações com o Fundo Monetário Internacional.