“Falta apoios para jornalistas que vivem na condição de deslocados internos”, declarou à Lusa Domingos Paulo, secretário do Sindicato Nacional dos Jornalistas em Cabo Delgado, à margem de uma visita do secretário de Estado da província, António Supeia, às instalações dos órgãos de comunicação social públicos em Pemba, no âmbito das celebrações do Dia do Jornalista Moçambicano, que se assinala hoje.
Segundo Domingos Paulo, pelo menos quatro rádios comunitárias continuam encerradas e um total de 42 jornalistas que trabalhavam nas regiões afetadas pelo conflito armado estão desempregados, com destaque para profissionais provenientes dos distritos de Muidumbe, Palma, Mocímboa da Praia e Macomia.
Em alguns casos, os profissionais foram obrigados a abandonar as suas zonas de origem por questões de segurança e agora vivem em centros de acolhimento.
“Estamos a passar por um tempo de crise, estamos mal, não há nada até agora para nós nestes novos locais em que fomos acolhidos”, lamentou à Lusa Joaquim Kalatasse, um dos jornalistas comunitários que fugiu de Mocímboa da Praia em 2020 devido à violência armada e agora vive em Pemba, a capital provincial.
“Gostava de pedir ao governo para olhar por nós”, acrescentou o jornalista.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas, aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia a presença de rebeldes, mas, a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
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