Numa publicação na rede social Twitter, Elon Musk admitiu a hipótese de criar uma nova plataforma, uma iniciativa que vem em resposta às muitas críticas que tem vindo a fazer às atuais redes sociais, nomeadamente o próprio Twitter.
A publicação feita pelo CEO da Tesla veio responder à proposta de um utilizador: “Considerarias construir uma nova plataforma de media social, @elonmusk? Uma que consistisse num algoritmo de código aberto, em que a liberdade de expressão e a adesão à liberdade de expressão tenham prioridade máxima, em que a propaganda seja mínima. Eu acho que esse tipo de plataforma é necessário”, escreveu um dos seguidores de Musk no Twitter. A resposta causou furor: “Estou a considerar seriamente isso.”
Musk é conhecido pela sua posição crítica perante o Twitter, a que aderiu em 2009, apesar de ser um utilizador frequente da plataforma. Uma das principais críticas feitas pelo CEO da Tesla recai sobre a censura que a plataforma tem feito no sentido de impedir a circulação de desinformação e a propagação de discursos de ódio. Estas medidas já resultaram na suspensão ou no término da conta de vários utilizadores, como o próprio Donald Trump, banido da rede social desde janeiro de 2021.
“Dado que o Twitter serve, de facto, como a praça pública da cidade, não aderir aos princípios da liberdade de expressão mina fundamentalmente a democracia”, escreveu Musk na sexta-feira, perguntando aos seus seguidores: “O que deveria ser feito?”.
As respostas foram várias, desde sistemas de verificação mais eficazes a múltiplas sugestões de outras plataformas às quais Musk poderia aderir, mas uma proposta em concreto do utilizador @PPathole destacou-se e mereceu resposta direta do CEO da Tesla.
Um passado complicado com o Twitter
As críticas de Musk não são de agora, mas intensificaram-se depois de, em 2018, um acordo com a Securities and Exchange Commission(SEC), uma agência federal independente de regulamentação e controlo dos mercados financeiros, impedir Musk de publicar qualquer tipo de informação ou opinião sobre a empresa sem obter antes a pré-aprovação de outros executivos da Tesla, como explica a Reuters.
Quando em novembro de 2018 Musk perguntou aos seus seguidores no Twitter se deveria vender 10% de sua participação na Tesla, a empresa de veículos elétricos recebeu um pedido da SEC para que fossem examinados os tweets do seu CEO dado que a sua pergunta desencadeou uma venda significativa de ações, com uma queda de 1,7% no mercado. O pedido foi considerado por Musk, que continuou a desafiar o estabelecido no acordo, uma forma de “assédio”.
A 25 de março, dois dias antes de admitir estar a considerar criar uma nova rede social, Musk convidou o mundo a partilhar a sua opinião sobre o tópico numa sondagem que tinha como objetivo perceber se os utilizadores do Twitter acreditavam que a plataforma seguia os valores da liberdade de expressão, essenciais a uma “democracia funcional” ou não e precaveu: “As consequências desta sondagem serão importantes. Por favor, vota com atenção”. Os números falaram por si com a maioria a responder “Não”.
Dias mais tarde surge a possibilidade de o CEO da Tesla criar uma rede social alternativa. Caso a proposta avance e o projeto, até agora referido apenas uma vez, se materialize, Musk irá juntar-se a uma lista crescente de figuras públicas e empresas que têm vindo a abandonar as redes sociais “tradicionais”, investindo no lançamento de plataformas alternativas que não sejam pautadas por aquilo que muitos consideram “censura”, como explica a Reuters.
O exemplo de uma personalidade que investiu neste tipo de iniciativas é Donald Trump que, depois de ser banido do Twitter o ano passado, criou a rede social Truth Social, um projeto do seu grupo Trump Media and Technology Group. Rumble, Parler, Gettr são outros projetos semelhantes que surgiram como alternativa a outras redes sociais, embora não tenham, pelo menos ainda, sido capaz de as substituir, nomeadamente por não terem tanta aderência por parte do público.
Uma das redes, Parler, foi removida da loja de aplicativos da Apple devido a alegações de que os manifestantes do ataque de 6 de janeiro à Casa Branca usaram a plataforma para incitar a violência. Em abril, no entanto, e depois de a empresa ter investido em formas mais eficazes de detetar e moderar o discurso de ódio, a Parler foi estabelecida.
Irá Musk avançar com o seu projeto? O CEO da Tesla não deu garantias, mas já existem, certamente, muitas expectativas dos seus seguidores.