Investigadores da universidade Yale-NUS College, em Singapura, testaram 45 produtos de alimentação para animais de 16 marcas diferentes e descobriram que muitos deles continham carne de várias espécies de tubarão, algumas delas consideradas como ameaçadas.
No total das 114 amostras testadas, Ian French e Benjamin J. Wainwright, autores do estudo, encontraram ADN de tubarão em 45, correspondendo a 31% dos resultados. De entre as espécies identificadas, destaca-se o tubarão-azul, o tubarão-seda ou o tubarão-de-pontas-brancas-de-recife, que foram detetadas pelos investigadores em 7, 5 e 4 amostras, respetivamente.
Segundo os investigadores, estes resultados não podem deixar de ser analisados no contexto do aumento exponencial na procura de produtos de tubarão a nível global.
Hoje, a quantidade de tubarões pescados é 3 vezes mais elevada do que em 1970, aponta um estudo publicado em 2021 na Nature. A pesca excessiva é, aliás, vista pelos autores desse estudo como a “principal ameaça para os tubarões marinhos”, contribuindo significativamente para o declínio populacional de muitas espécies.
Ainda mais relevante para este artigo, French e Wainright consideram também que esta exangue é uma consequência da falta de regulação robusta em volta dos rótulos de produtos de alimentação de animais. Os rótulos dos artigos testados não referenciavam diretamente que estes continham carne de tubarão, optando por termos mais gerais, e potencialmente enganadores, como “peixe marinho” ou “peixe-branco”.
Os investigadores de Singapura dizem que isto impede os consumidores de fazer uma escolha informada e consciente, e que alguns irão sentir-se revoltados com esta descoberta: “A maioria dos donos de animais de estimação provavelmente é amante da natureza, e achamos que grande parte ficaria alarmada ao descobrir que contribuem, sem saber, para a pesca excessiva das populações de tubarões”.
De modo a combater a sobre-exploração de espécies vulneráveis nestes termos, French e Wainright sugerem a implementação de normas internacionais de rotulagem para artigos alimentares para animais, de modo a impedir que os produtores utilizem terminologia vaga quando listam os ingredientes.