O FMI estima que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro teria sido 2% superior no ano passado na ausência de estrangulamentos na oferta, que afetou a produção, foi hoje divulgado.
“Estimamos que a produção industrial na zona euro no outono de 2021 teria sido cerca de 6% maior sem as restrições da oferta”, refere o artigo publicado hoje no ‘blog’ da instituição, assinado pela diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pelo diretor do departamento europeu, Alfred Kammer, e pela economista Oya Celasun.
Os economistas explicam, com base no ‘paper’ “Supply bottlenecks: where, why, how much, and what next?”, também hoje divulgado, que, partindo da correlação histórica entre a produção e a produção global, é estimado que o PIB na zona euro teria sido 2% maior, “o equivalente a cerca de um ano de crescimento em tempos normais de pré-pandemia para muitas economias europeias”.
Os economistas exemplificam que em países com grande peso do setor automóvel, como a Alemanha e a República Checa, a produção industrial teria sido 14% superior, sem os constrangimentos registados no ano passado.
Kristalina Georgieva, Alfred Kammer e Oya Celasun assinalam ainda que as restrições da oferta também tiveram “um papel significativo no aumento da inflação dos preços ao produtor na zona euro”, ainda que esta também tenha sido influenciada pela forte procura.
Explicam, assim, que os choques na oferta podem explicar cerca de metade do aumento da inflação dos preços dos produtos industriais, com o restante a ser principalmente explicado pelo aumento da procura.
Por outro lado, indicam que as interrupções no abastecimento tiveram menos impacto na inflação excluindo energia e preços dos alimentos.
“Esta medida de inflação foi de apenas cerca de 0,5 pontos percentuais maior no mesmo período devido a restrições de oferta de bens industriais do que seria de outra forma”, apontam.
Sublinham ainda que até 40% dos choques na oferta podem ser atribuídos aos confinamentos, o que deverá ser transitório, tal como as condições meteorológicas e os acidentes industriais que penalizaram a produção de ‘microchips’ em 2021.
Já outros fatores, como a escassez de mão de obra e infraestruturas logísticas envelhecidas, poderiam ter efeitos mais persistentes na oferta do que os confinamentos, referem.
“Com as restrições de oferta provavelmente a persistirem, o desafio para os decisores é apoiar a recuperação sem permitir que a inflação elevada se consolide”, vincam.
O PIB da zona euro cresceu 5,2% no ano passado, segundo dados do Eurostat, depois de se ter contraído 6,8% em 2020.
AAT // CSJ