“As medidas das autoridades russas são incompreensíveis e excessivas”, criticou o presidente da Deutsche Welle (DW), Peter Limburg, citado num comunicado.
A DW “protesta contra esta reação absurda”, da qual ainda não foi notificada oficialmente, e promete “reforçar significativamente a cobertura” da estação na Rússia “mesmo que acabe por ter, eventualmente, de fechar”, referiu a mesma nota informativa.
A Rússia ordenou hoje o fecho do escritório da DW na capital russa e a interdição dos seus programas como retaliação à proibição do canal russo Russia Today (RT) de transmitir na Alemanha.
Listando as “medidas de retaliação” decididas por Moscovo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, citou, em comunicado, o “encerramento do escritório local” da Deutsche Welle, a “retirada das credenciais a todos os funcionários” da estrutura local e a “interrupção das transmissões” no território russo.
O ministério anunciou ainda o lançamento de um procedimento destinado a reconhecer a DW como um “agente estrangeiro”, designação que já é aplicada a vários órgãos de comunicação social críticos do poder na Rússia.
Este estatuto designa indivíduos ou organizações que as autoridades russas dizem ser financiados a partir de países estrangeiros para servir interesses contrários aos da Rússia.
De acordo com o ministério russo, também estão previstas sanções contra “representantes do Estado alemão e estruturas públicas envolvidas na proibição da transmissão do RT”.
A diplomacia russa disse ainda que estas medidas constituem a “primeira etapa” do processo de retaliação de Moscovo, prometendo outra resposta “no devido tempo”.
Estas sanções surgem na sequência da decisão do regulador alemão dos media ZAK de proibir a transmissão na Alemanha do canal RT na Internet e em aplicações de telemóvel (a transmissão via satélite já tinha sido interrompida em dezembro) já que, segundo o organismo alemão, a “autorização necessária” não foi “nem solicitada nem concedida”.
O RT tem sede em Moscovo e possui uma licença sérvia para transmissão por cabo e satélite, o que, segundo o canal, permite a sua transmissão na Alemanha, de acordo com a lei europeia.
O regulador alemão considera, no entanto, que a licença sérvia é insuficiente, porque o RT DE (versão em língua alemã do canal russo) é produzido por uma empresa sediada em Berlim, visando “uma audiência alemã”.
A Presidência russa (Kremlin) condenou hoje a decisão do regulador alemão, considerando-a um “ataque à liberdade de expressão”, e anunciou represálias.
Inaugurado em 2005, o canal russo, financiado pelo Estado, tem-se expandido muito, passando a contar com canais e ‘sites’ em várias línguas, incluindo inglês, francês, espanhol, alemão e árabe.
Considerado internacionalmente como uma ferramenta de propaganda do Kremlin, o RT já foi alvo de polémicas em vários países, incluindo nos Estados Unidos, onde teve de se registar como um “agente estrangeiro”.
No Reino Unido, as autoridades ameaçaram retirar a licença de emissão, e noutros países chegou mesmo a ser proibido, como na Lituânia e na Letónia.
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