Um estudo da Universidade de Pretória alerta para a possibilidade de surgirem novas variantes provenientes de animais em cativeiro infetados com Covid-19 – os dados analisados mostram que a doença estava a circular entre os funcionários do zoo na África do Sul quando os dois pumas e três leões ficaram infetados, e as investigadoras acreditam que o vírus pode mutar nos animais antes de reinfetar novamente os humanos.
As autoras do estudo reforçam que é importante vacinar a equipa, usar máscaras ao entrar nas jaulas e a preparar as refeições, sempre desinfetando as mãos e os locais.
“Em 2020, a equipa testou as fezes de dois pumas que já tinham mostrado sinais de anorexia, diarreia e corrimento nasal”, explicou Katja Koeppel, uma das autoras do estudo, em comunicado. “Eles testaram positivo para a Covid-19, tendo sintomas leves. Os animais foram medicados e tiveram uma recuperação depois de 23 dias” acrescentou. Nesta altura não se chegou a perceber qual a variante específica do surto.
Um ano depois, a mesma equipa realizou análises a três leões doentes no mesmo zoológico. “Os leões estavam com problemas respiratórios, nariz a pingar e tosse seca”, afirma Koeppel. Tanto os funcionários como os animais, durante as seguintes semanas, foram testados. Dos 12 tratadores, um – que esteve em contato direto com os animais – ficou positivo, assim como um outro funcionário que não esteve diretamente com os leões. Os felinos, entretanto, também se revelaram infetados.
Mais testes foram feitos e descobriu-se um surto: “Estes dados sugerem que o SARS-CoV-2 estava a circular entre os funcionários durante o mesmo período em que os leões ficaram doentes. Aqueles que estiveram em contato direto com os animais provavelmente foram responsáveis pela transmissão”, explica a autora do estudo. Os dois pumas e os três leões apresentaram os mesmo sintomas que os humanos. Apesar de não terem respondido ao tratamento com antibióticos, recuperaram com medicamentos anti-inflamatórios.
Assim, concluem as investigadores, “uma abordagem da One Health – onde especialistas em saúde humana e animal, bem como especialistas ambientais trabalham juntos – é essencial para investigar e prevenir a transmissão de doenças zoonóticas”.