Se durante três meses o problema dos habitantes da ilha de La Palma foi a erupção do vulcão, agora o dilema é outro: o que fazer com os milhões de metros cúbicos de lava e cinza? Já na fase de reconstrução, os cerca de 80 mil moradores garantem que a batalha ainda não terminou, tanto em terra como no mar – também o fundo do oceano está coberto de cinzas.
O que está a acontecer em La Palma já aconteceu anteriormente: na ilha Lanzarote, um vulcão entrou em erupção, que se prolongou durante seis anos. Quando foi dado como novamente inativo, a população da ilha teve o mesmo problema. “As partículas eram porosas e capazes de reter água no solo… então aproveitaram para plantar vinhas”, recorda Inés Galindo, geóloga que dirige a unidade das Ilhas Canárias do Instituto Geológico de Espanha, ao jornal The Guardian.
Há sempre uma solução. Os espcialistas estão a explorar a possibilidade de usar as cinzas para construir casas, estradas e pontes na ilha. “Não é uma ideia original, estamos a usar as técnicas que os romanos usavam”, explica Javier Juvera, engenheiro do departamento de obras públicas das Ilhas Canárias. Se as cinzas forem similares podem dar origem a um material de construção durável e desempenhar um papel na reconstrução da ilha.
O que complica o processo, afirmam os dois especialistas, é que as respostas sobre o que pode ser feito com estas cinzas pode demorar meses. “A quantidade de materiais é enorme – há imagens de casas que foram praticamente soterradas em cinzas”, disse Juvera. “Mas se não encontrarmos um valor para isso, torna-se um desperdício.”
Até lá, os cidadãos de La Palma vão ter continuar a conviver com a poeira das cinzas, que não têm onde despejar. Mas não é só este o problema: o calor continua presente. “Eles [os habitantes] continuam com calor armazenado, com temperaturas de mais de 100 graus em algumas partes da ilha”, informa Galindo, acrescentando que o processo de arrefecimento desta lava pode demorar meses.