A partir desta segunda-feira, apenas os italianos que tenham um “super passe verde” — obtido com a vacinação completa ou recuperação recente da doença — poderão usar transportes públicos. De acordo com as novas regras, um teste negativo já não será suficiente para usar transportes intracomunitários, como aviões ou barcos, a única solução viável para os que se deslocam entre ilhas.
“Transporte aéreo e marítimo são os únicos transportes de ligação para alguns habitantes. Proibir o acesso a estes meios de transporte significa condenar a um exílio forçado os residentes que, por várias razões, não foram vacinados”, lamenta o presidente da Associação de Municípios de Pequenas Ilhas (ANCIM na sigla inglesa), que saiu em defesa dos direitos da população que considera “discriminada” e forçada a um “exílio”.
Numa carta enviada ao governo italiano, a ANCIM pede uma isenção das novas regras para estes habitantes e que seja necessário apenas um teste negativo para quem viajar para o continente por razões de saúde, educação e trabalho. A associação sublinha o quanto apoia a vacinação e a sua importância para enfrentar a pandemia, mas lembra que “numa democracia, os direitos das minorias também devem ser protegidos”. Como solução, a ANCIM sugere uma medida especial: a criação de divisões separadas nos ferries para quem tenha um teste negativo.
O presidente da câmara da ilha de Procida também apelou à defesa dos interesses dos habitantes não vacinados: “O super passe verde para os ferries parece-me uma medida de controlo excessivo por parte do governo. Se não existem alternativas para chegar ao continente, o direito à mobilidade destes cidadãos deve ser protegido.”
A associação representa 35 municípios de 87 ilhas de menor dimensão, cobrindo cerca de 240 mil habitantes. A questão da saúde é de particular importância nas ilhas, dada a precariedade ou mesmo ausência de instalações médicas. Algumas ilhas são servidas de apenas um médico, que se desloca uma a duas vezes por semana, por breves horas.