O caso ocorreu na cidade chinesa de Xian, na província de Shaanxi. No dia 1 de janeiro, uma mulher grávida, em trabalho de parto, tentou entrar no Hospital Xian Gaoxin para pedir assistência médica, mas foi-lhe recusada a entrada por o seu teste negativo à Covid-19 estar caducado há quatro horas.
Devido às pesadas regras de confinamento em Xian, a mulher teve de esperar fora do hospital durante duas horas, até ter sofrido uma hemorragia intensa. Eventualmente foi admitida no hospital, mas já era tarde: o bebé acabou por morrer. Na sequência do caso, duas pessoas com posições de chefia no hospital foram despedidas, e uma foi suspensa.
Uma investigação levada a cabo pela província de Shaanxi e a Comissão Municipal de Saúde de Xian determinou que a morte do bebé foi um “acidente provocado por negligência”. A história foi reportada por media locais e tornou-se viral nas redes sociais, com partilhadas na Internet de vídeos que mostram o momento em que a mulher, grávida de oito meses, se encontrava à espera fora do hospital, acompanhada pelo marido. Uma outra mulher afirmou, nas redes sociais, que tinha perdido o seu bebé devido a circunstâncias semelhantes.
O hospital recebeu ainda uma ordem para pedir desculpa ao público e melhorar os seus processos no sentido de assegurar que todos os doentes possam ter acesso a cuidados de emergência. Devido à situação pandémica na China, são necessárias condições rigorosas de vacinação e testagem para aceder a cuidados médicos, o que pode impedir algumas pessoas de acederem a tratamentos médicos de emergência.
O chefe da comissão de saúde de Xian também recebeu um aviso formal por parte do Partido Comunista Chinês, por agir incorretamente na prestação de cuidados de emergência.
O caso ocorre quando a cidade de Xian, com 13 milhões de habitantes, está a enfrentar o maior surto de casos de Covid-19 desde o início da pandemia, o que levou as autoridades a decretar um confinamento que já dura há duas semanas. Locais de entretenimento e comércio não essencial estão completamente fechados, mas as autoridades afirmam que o rigoroso confinamento lhes permitiu ultrapassar o surto e que os casos se encontram a descer.
No entanto, o caso não deixou de provocar contestação em relação à estratégia “zero Covid” adotada pelo país, que já causou problemas de acesso a alimentos ou a cuidados médicos.