Um juiz de Nova Iorque divulgou esta segunda-feira um documento confidencial que remonta a novembro de 2009 e que contém um acordo, assinado por Jeffrey Epstein e Virginia Giuffre, que acusou o príncipe André, Duque de Iorque, de ter abusado sexualmente dela quando ainda tinha apenas 17 anos, traficada por Epstein.
De acordo com a acusação, o príncipe terá cometido os crimes sexuais em vários locais, incluindo na casa de Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, em Londres, e na mansão de Nova Iorque e ilha particular do multimilionário.
O documento, tornado público um dia antes de uma audiência decisiva relativa ao caso, refere que a atual advogada terá recebido 500 mil dólares, mais de 400 mil euros, para desistir do caso, descrevendo também que “qualquer outra pessoa ou entidade que pudesse ser caracterizada como potencial arguido” ficaria protegida, não sendo acusada por Giuffre.
Contudo, o acordo não fala, em momento algum, do príncipe André, mas apenas de Epstein, que se suicidou na prisão em agosto de 2019, e todas as pessoas a ele ligadas, pelo que o documento não liberta o filho de Isabel II automaticamente do processo. De acordo com um dos advogados de Giuffre, David Boies, o documento é “irrelevante para a acusação contra o príncipe André”, já que não o menciona em momento algum.
Espera-se que Andrew Brettler, principal advogado do príncipe, utilize o acordo realizado para tentar absolver o membro da realeza de um julgamento que poderia ter grande impacto na credibilidade da família real britânica. A interpretação do documento vai ser decisiva para o destino da audiência desta terça-feira.
À BBC News, Lisa Bloom, advogada das alegadas vítimas de Epstein, descreveu o acordo como “um dos mais bizarros” que alguma vez viu, considerando-o “incompreensivelmente vago”, e acrescentou que deve ser especificado “claramente quem é libertado de uma ação judicial e quem não é”, sendo que um juiz não pode libertar o príncipe André de uma ação judicial já que não foi mencionado especificamente.
No fim do ano, Ghislaine Maxwell, de 60 anos, foi declarada culpada pelo Tribunal de Manhattan de vários crimes sexuais – tráfico sexual e outros -, como recrutar e assediar raparigas para serem abusadas por Jeffrey Epstein, enquanto este foi seu namorado. A sentença pode chegar aos 40 anos de prisão.