Nesta quarta-feira, 8 de dezembro, começou uma nova era na Alemanha. A “mulher mais poderosa do mundo”, a “rainha não coroada da Europa”, a “líder do mundo livre”, a “eterna chanceler” cessou funções. Aos 67 anos e após quase 16 à frente do governo germânico, Angela Merkel tornou-se uma ilustre reformada da política.
Alguns dos seus admiradores e discípulos nem escondem um certo sentimento de orfandade. Valérie Pécresse, a antiga deputada e ministra conservadora que, na primavera de 2022, pretende ser a primeira mulher a assumir a Presidência de França, já afirmou quem são as suas principais figuras inspiradoras: “Um terço Thatcher [a primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990], dois terços Merkel.” Já Olaf Scholz, o líder dos sociais-democratas (SPD) germânicos e personagem a quem cabe agora chefiar a chancelaria em Berlim, não perde uma oportunidade para elogiar a governante de quem foi o braço-direito nos últimos quatro anos. Há diferentes formas de interpretar essa dívida de gratidão.