O golpe “trai a revolução corajosa e inspiradora de 2019”, sublinhou Michelle Bachelet.
“Apelo aos líderes militares sudaneses e àqueles que os apoiam que se retirem e permitam que o país regresse ao caminho do progresso, rumo às reformas institucionais e legais”, acrescentou a antiga Presidente do Chile.
O golpe, denunciou ainda Bachelet, envolveu uma série de violações dos direitos humanos, tais como o disparo de munições reais contra manifestantes – que, segundo a responsável, mataram 13 pessoas e fizeram mais de 300 feridos -, mas também o corte da internet no país desde 25 de outubro, o que mantém a população desinformada.
O mais alto órgão de direitos humanos das Nações Unidas, convocado com caráter de emergência, está a considerar um projeto de resolução apresentado pelo Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos e Noruega que exige o “regresso imediato” do governo civil, deposto pelos militares.
O texto condena igualmente a “detenção injusta” do primeiro-ministro Abdalla Hamdok e de outros membros do governo de transição sudanês, assim como de altos funcionários da administração pública, e exige que os militares “libertem imediatamente (…) todos os indivíduos detidos de forma ilegal e arbitrária”.
A votação do projeto de resolução está agendada para o final da tarde.
A situação no terreno está a evoluir rapidamente. O chefe do exército, general Abdel-Fattah al-Burhan, ordenou esta quinta-feira a libertação de quatro ministros detidos no dia do golpe, em aparente resposta ao aumento das pressões internacionais para que se seja retomado o processo de transição democrática.
O Sudão não tomará a palavra durante a sessão do Conselho dos Direitos Humanos, anunciou o presidente do órgão.
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