O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo deverá ouvir hoje António Carlos do Rosário,???? antigo presidente das três empresas estatais beneficiárias das dívidas ocultas, como último arguido a interrogar no julgamento do caso, anunciou o juiz Efigénio Batista.
Rosário chegou pela manhã ao recinto da Cadeia de Máxima Segurança da Machava, vulgo BO, onde decorre o julgamento em tendas adaptadas à dimensão do processo, mas ainda não se sabe a partir de que momento será interrogado.
Hoje ao final da manhã decorre ainda a audição do antigo diretor-geral dos serviços secretos de Moçambique Gregório Leão, que na última sessão, na terça-feira, se sentiu indisposto, levando à suspensão dos trabalhos.
Logo na altura, o juiz pediu que António Carlos do Rosário comparecesse nesta quinta-feira, tendo reafirmado já durante a sessão de hoje a intenção de começar a ouvi-lo.
António Carlos do Rosário foi presidente das empresas estatais Proindicus, Ematum e MAM por inerência da sua função de diretor de Inteligência Económica do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE).
As firmas eram participadas pelo SISE e o Ministério Público moçambicano considera que as mesmas foram criadas para serem usadas como veículo para a mobilização de dívidas ocultas que alimentaram um gigantesco esquema de corrupção, através do pagamento de subornos a figuras do Estado moçambicano e banqueiros internacionais.
O antigo diretor da Inteligência Económica do SISE será o último dos 19 arguidos do processo principal das dívidas ocultas a ser interrogado no julgamento em curso.
A justiça moçambicana acusa os 19 arguidos do processo principal das dívidas ocultas de se terem associado em “quadrilha” e delapidado o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares (2,28 mil milhões de euros) – valor apontado pela procuradoria e superior aos 2,2 milhões de dólares até agora conhecidos no caso – angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.
As dívidas foram contraídas entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.
Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frelimo, liderado pelo Presidente da República à época, Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.
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