Tem direito a vários nomes e títulos, alguns pouco recomendáveis: “Bruxa”, “Chaya” (planta endémica da América Central, cujas folhas podem ser altamente tóxicas), “Lady Macbeth das Caraíbas”, “Tirana”, “Traidora”. No último domingo, 8, a mulher que é formalmente vice-presidente da Nicarágua há quatro anos ganhou uma nova alcunha, por obra e graça do bispo Silvio Báez, um dos mais influentes prelados do país: “No momento da perseguição, Deus não se põe ao lado de Jezabel, a rainha malvada e criminosa que se servia da religião para submeter o povo.” Palavras que têm como alvo Rosario María Murillo Zambrana, após esta acusar alguns sacerdotes de terem “mentalidades perversas e egoístas” e de estarem envolvidos em “ações satânicas” para derrubar o governo de Manágua.
Este novo embate entre a Igreja Católica e a excêntrica personagem, que nunca escondeu o gosto pelas ciências esotéricas, embora esteja sempre a invocar Deus nas suas intervenções públicas, coincide com uma crise política e social que tem vindo a agravar-se com a detenção de todos os que ousam criticar o regime. A 7 de novembro, realizam-se eleições gerais, e o casal presidencial tem o objetivo de ganhá-las a qualquer preço, para que Daniel Ortega cumpra o seu quarto mandato consecutivo como chefe de Estado e a sua “companheira Rosario” continue a pôr e a dispor dos destinos do segundo país mais pobre da América Latina (logo a seguir ao Haiti).