Num comunicado, a delegação da União Europeia (UE), o gabinete do alto representante civil da NATO no Afeganistão e quinze embaixadas predominantemente ocidentais apelaram ao “fim urgente da ofensiva militar em curso lançada pelos talibãs, que está a dificultar os esforços para alcançar uma solução negociada para o conflito” no país.
O texto também é assinado pelas embaixadas da Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Itália, Japão, Países Baixos, República Checa, Reino Unido e Suécia.
Os talibãs tomaram grandes áreas de território, sobretudo zonas rurais, desde o início de maio, aumentando o temor de que recuperem o poder pela força após a retirada das forças estrangeiras, que se prevê estar concluída no início de setembro.
“A ofensiva dos talibãs está em contradição direta com o seu apoio afirmado a uma solução negociada do conflito e ao processo de paz de Doha”, sustentam representações diplomáticas, após outro fim de semana infrutífero de negociações sobre a paz, num processo paralisado desde o seu lançamento em setembro do ano passado.
A missão da ONU no Afeganistão (Unama), por sua vez, pediu hoje ao Governo afegão e aos talibãs um cessar-fogo “para permitir que todos os afegãos celebrem em paz” o Eid al-Adha, a festa muçulmana do sacrifício.
“As partes devem aproveitar a oportunidade de um cessar-fogo permanente, um acordo de paz e uma paz duradoura, oferecida pelas negociações de Doha”, referiu a Unama.
Com a aproximação do Eid, que começa em 20 de julho e dura três dias, nenhum cessar-fogo ainda foi anunciado. Os talibãs declararam várias tréguas nos últimos anos por ocasião dos feriados muçulmanos, especialmente em maio durante o Eid al-Fitr, marcando o final do mês do Ramadão.
No domingo à noite, no final de uma nova ronda de negociações no Catar, as duas partes simplesmente indicaram num comunicado que haviam concordado na necessidade de encontrar uma “solução justa” e de reunir-se novamente “na próxima semana”.
De acordo com o mediador do Catar, Moutlaq al-Qahtani, os dois lados — Governo afegão e talibãs – “quase não concordaram” sequer em tentar “evitar baixas civis”, longe portanto do esperado cessar-fogo.
O chefe do conselho do Governo afegão que supervisiona o processo de paz, Abdullah Abdullah, reconheceu hoje que “o povo afegão obviamente esperava muito mais”.
“Mas a porta para as negociações continua aberta”, disse Abdullah à AFP, referindo que espera progresso “dentro de algumas semanas”.
No domingo, o líder dos talibãs, Hibatullah Akhundzada, repetiu, em mensagem por ocasião do Eid al-Adha, que se mantém “decididamente a favor de um acordo político”, “apesar do avanço e das vitórias militares” dos dois últimos meses.
Os rebeldes encontraram nalguns locais apenas uma fraca resistência das forças afegãs, agora privadas do crucial apoio aéreo norte-americano e controlam principalmente eixos nas capitais provinciais.
As tropas da NATO, incluindo os militares norte-americanos, devem retirar-se do país até ao início de setembro.
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