O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou hoje que a missão de formação militar da União Europeia (UE) em Moçambique foi aprovada “em tempo recorde” e apelou a que os Estados-membros adotem agora de “recursos adequados”.
“Esta é a segunda missão da Política Comum de Segurança e Defesa que foi criada durante o meu mandato, e foi estabelecida em tempo de recorde. Em termos europeus, tempo recorde não significa ‘muito rapidamente’, mas foi estabelecida mais rapidamente do que qualquer outra missão”, afirmou Borrell.
O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança falava em conferência de imprensa após o Conselho da Negócios Estrangeiros, que decorreu hoje em Bruxelas, e que aprovou formalmente o lançamento de uma missão de formação militar da UE em Moçambique.
Considerando que a missão, intitulada EUTM Moçambique, será uma “parte fundamental” da resposta da UE ao pedido de ajuda das autoridades moçambicanas para lidar com a situação em Cabo Delgado, Josep Borrell informou que a EUTM Moçambique irá treinar “unidades moçambicanas específicas” com o objetivo de “ajudar as Forças Armadas moçambicanas nos seus esforços para restabelecer a segurança”.
“Agora este compromisso tem de ser devidamente dotado de recursos e acompanhado pelas medidas de assistência adequadas, pelo que tenho pedido aos Estados-membros para que, uma vez aprovada a missão, forneçam os meios e o pessoal que esta missão irá necessitar”, indicou.
Apesar de reconhecer que a EUTM Moçambique não vai ser “uma grande missão” como a que a UE tem no Mali, Borrell salientou que é “importante que as pessoas que irão para Moçambique treinar as unidades moçambicanas sejam elementos militares altamente qualificados”.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) aprovaram hoje o lançamento de uma missão de formação militar em Moçambique que visa “treinar e apoiar as Forças Armadas moçambicanas” no “restabelecimento da segurança” em Cabo Delgado.
A missão fornecerá “treino militar, incluindo preparação operacional, treino especializado em contraterrorismo, e treino e educação na proteção de civis, respeito pelo direito internacional humanitário e lei dos direitos humanos”, segundo um comunicado publicado pelo Conselho da UE.
Em entrevista à Lusa, o brigadeiro-general do Exército português que irá liderar no terreno a EUTM Moçambique, Nuno Lemos Pires, afirmou que a missão começa a ser preparada agora, mas só estará em pleno funcionamento em final de outubro, data a partir da qual contarão os dois anos do seu mandato.
Nuno Lemos Pires explicou também que “ainda não está definido completamente o número de pessoas” que integrará a EUTM: “isso depois tem a ver com a ‘force generation’, ou seja, quando é que os países estão dispostos a dar”.
“Portugal disse que daria metade destas forças, calcula-se que serão em torno dos 120, 130, 150… Ainda não sabemos bem. Porque o planeamento começou agora. E o que sabemos nesta altura é que provavelmente vamos estar em duas bases: uma a sul, entre Maputo e Catembe, e outra a norte, entre a Beira e o Chimoyo, para formar, respetivamente, forças especiais de Marinha e forças especiais de Exército. Esta é a missão principal e, para já, é o que se pode dizer”, realçou.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732.000 deslocados, de acordo com a ONU.
TEYA (APL) // PJA