A guarda de fronteira da Lituânia deteve nas últimas 24 horas 131 migrantes, oriundos sobretudo de África e do Médio Oriente, particularmente do Iraque, elevando o número de entradas de ilegais detetados no país para 1.300 desde o início do ano, um número bem superior aos 81 registados ao longo de todo o ano de 2020.
“Há, de facto, a suspeita de que existe um papel do regime bielorrusso. Mas não somos ingénuos na Europa e também não nos sentimos intimidados”, frisou Michel aos jornalistas durante uma visita à cidade fronteiriça lituana de Medininkai (leste).
Michel foi recebido pela primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Simonyte, que salientou que “fluxo preocupante” de migrantes foi “inspirado pelas estruturas do governo bielorrusso”.
O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, acusou hoje as autoridades lituanas de terem elas próprias desencadeado o fluxo de migrantes, ao anunciar segunda-feira que reduziriam o processo de pedido de asilo para dez dias.
No final de junho, a Bielorrússia anunciou a suspensão da sua participação na Parceria Oriental da UE, lançada em 2009, que pretendia aproximar as seis ex-repúblicas soviéticas da UE, bem como a retirada do seu embaixador em Bruxelas, como retaliação contra as sanções europeias decididas após o desvio de um avião comercial para Minsk para deter um adversário político.
Na altura, a Bielorrússia, situada às portas da UE, com fronteiras comuns com a Polónia, Letónia e Lituânia, ameaçou implicitamente terminar com a cooperação no domínio da luta contra a imigração ilegal e o crime organizado.
A maioria dos migrantes que chegam à Lituânia vem do Iraque, razão pela qual Michel indicou que pretende encontrar-se com o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kadhimi, ainda no decorrer desta semana para analisar a questão, bem como a relacionada com eventuais repatriamentos individuais.
“Também estaremos em contacto com outros países de origem [dos migrantes] para ver como (…) se poderá reforçar a cooperação e dar um sinal de que não é possível vir aqui [para o espaço europeu] através de meios ilegais”, acrescentou.
Em junho, o exército lituano montou vários acampamentos de acolhimento face ao crescente número de migrantes.
O Ministério do Interior lituano pretende expandir os centros de acolhimento para permitir acomodar “milhares de migrantes”.
Sexta-feira, a Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas (Frontex), enviou uma primeira equipa de seis guardas de fronteira para a Lituânia, número que deve aumentar para 30 no final deste mês.
Membro da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), a Lituânia acolhe dezenas de opositores bielorrussos ao regime de Lukashenko, incluindo a líder da oposição no exílio, Svetlana Tikhanovskaia, que afirma ter ganho legitimamente as eleições presidenciais de agosto de 2020.
JSD // ANP