Tal como a maioria dos países, Singapura teve um pico inicial de casos no ano passado, atingindo os 600 por dia em meados de abril. Depois de uma grande descida em agosto, o número de casos de Covid-19 manteve-se controlado.
Em setembro de 2020, já lá iam vários meses de pandemia, Singapura contabilizava menos de 30 mortes por covid-19 desde o seu início, e pouco mais de 57 mil casos. A sua taxa de mortalidade, de 0.05%, era a mais baixa do mundo e era justificada por uma estratégia que incluía, entre outras medidas, testes em massa, isolamento social e utilização obrigatória de máscaras. A verdade é que a nação de 5,7 milhões de habitantes, ligeiramente maior do que Sidney, tem tido um número decrescente constante de 20 a 30 casos por dia, com o país a registar, até ao momento, 36 mortes no total.
O governo de Singapura delineou, agora, um novo plano que não tem como objetivo uma transmissão zero de Covid-19: a quarentena deixa de ser obrigatória para os viajantes e os contactos diretos com casos positivos não têm de ficar isolados. Além disso, passa não se anunciar os números de novos casos positivos diariamente. “Em vez de monitorizar os números de infeção por Covid-19 todos os dias, vamos concentrar-nos nos resultados: quantas pessoas ficam muito doentes, quantas têm de ir para uma unidade de cuidados intensivos, quantas precisam de ser entubadas para receberem oxigénio, e por aí em diante”, referem.
Os habitantes podem ser obrigados a realizar testes para se entrarem nas lojas ou irem trabalhar, mas os controlos fronteiriços rigorosos em vigor, incluindo testes à chegada e quarentenas em hotéis, deixam de existir.
Os ministros Kung, Yong e Wong, que constituem a task force do país e apresentaram a nova estratégia para combater a Covid-19 de vez, explicaram que a doença vai ser encarada como outras que são muito comuns, tal como a gripe, por exemplo. “A má notícia é que a Covid-19 pode nunca mais desaparecer. A boa notícia é que é possível viver normalmente com ele no nosso meio”, afirmaram, num editorial do Straits Times desta semana, o Ministro do Comércio de Singapura Gan Kim Yong, o Ministro das Finanças Lawrence Wong e o Ministro da Saúde Ong Ye Kung.
De acordo com o trio, a doença não pode ser erradicada, mas sim transformada em algo menos ameaçador. “Todos os anos, muitas pessoas apanham gripe. A esmagadora maioria recupera sem precisar de ser hospitalizada, e com pouca ou nenhuma medicação. Mas uma minoria, especialmente os idosos e aqueles com comorbidades, pode ficar muito doente, e alguns sucumbem”, sublinham.
A vacinação é, agora, a prioridade, e só depois se vão implementar as novas medidas. Até ao momento, há dois terços da população vacinada com, pelo menos, uma vacina e espera-se que dois terços esteja totalmente vacinada até ao início de agosto.
Uma das apostas é em testes auto-administrados mais rápidos, tais como os testes de respiração, que se possam utilizar em qualquer local, explica a task force. Além disso, como na maioria dos casos são esperados sintomas menos graves devido à vacinação quase completa da população, a necessidade de rastreio de contactos e quarentena é baixa.
Ainda sem data para o início deste plano, os ministros realçam que seria uma forma de Singapura navegar para fora da SARS-CoV-2, retomar a organização de grandes eventos e abrir as fronteiras a todo o mundo.