De acordo com a ABC News, cientistas que estudam a Falha Alpina criaram uma linha temporal que permite concluir que, em média, a cada 300 anos há uma mudança evidente. O último terramoto de magnitude 8 ocorreu em 1717 e, por isso, os investigadores preveem que as placas se vão mover novamente e desencadear um poderoso sismo.
Uma recente investigação elaborada por Jamie Howarth professor na Universidade Victoria de Wellington, na capital nova zelandesa, e a sua equipa, analisou que tipo de terramoto o país pode enfrentar no futuro.
Uma investigação anterior indicava que a probabilidade de ocorrer um sismo nos próximos 50 anos na Falha Alpina era de 30%. Atualmente, os dados revelados por Jamie indicam que a probabilidade aumentou para 75% e o sismo deve ser de magnitude 8.
“O sismo é inevitável e a ciência está a dizer-nos, de forma ainda mais contundente, que provavelmente vai acontecer mais cedo do que pensamos”, disse Jamie ao ABC News.
A Falha Alpina que atravessa a Ilha Sul da Nova Zelândia é uma das falhas geográficas mais ativas e famosas do mundo. Há milhões de anos que as placas tectónicas da Austrália e do Pacífico estão em colisão e ao sobreporem-se vão formando a cadeia montanhosa dos Alpes do sul. Em média, as placas movem-se dois a três centímetros por ano umas em relação às outras, o que em tempo geológico é um ritmo acelerado.
A investigação, publicada na revista Nature Geoscience, em abril, revela os dados recolhidos do leito de quatro lagos junto à Falha Alpina (Kaniere, Mapourika29, Paringa e Ellery). Através de uma perfuração de seis metros, foi possível extrair um corte transversal do leito do rio, que evidenciou várias camadas de história. Este método só é possível porque, após um sismo, os sedimentos provenientes dos deslizamentos de terra são transportados para os lagos. “Isto leva-nos de volta a alguns milhares de anos e podemos ler os registos como um livro, identificar os sismos anteriores e datá-los”, revelou Jamie à ABC News.
Um grupo de cientistas da Universidade de Canterbury simulou um forte sismo na Falha Alpina e prevê que o epicentro seja na zona sul, mas que em pouco mais de três minutos se espalhará pela ilha toda e haverá grandes deslizamentos de terra.
Caroline Orchiston, da Universidade de Otago e líder científica do AF8, um grupo dedicado a preparar as comunidades para o grande sismo, prevê que os danos afetem a rede de eletricidade e telecomunicações, que haja uma interrupção do fornecimento de combustível e alimentos, deslizamentos de terra, quedas de rochas, dezenas de milhares de pessoas deslocadas, milhares de pessoas com ferimentos e centenas de mortos. É provável que não ocorram tsunamis ao longo da costa, mas os lagos e fiordes ao longo dos 850 quilómetros de Falha estarão vulneráveis a inundações.
A maioria dos moradoras preocupa-se com o fenómeno e quer estar informada para se poder prevenir, até porque esta é uma zona que recebe muitos turistas, que nem sempre sabem que estão numa zona de risco.
“Temos uma estrada de entrada e outra de saída nesta parte da costa oeste, então o que aconteceria é que se houvesse um grande sismo as pontes desapareceriam e as estradas seriam danificadas. Por isso, não podíamos sair da cidade de forma nenhuma”, revelou à mesma cadeia televisiva Sonia Pettigrew, habitante de Whataroa, localidade onde é possível ver a falha tectónica à superfície da Terra.