A 240 quilómetros de Tóquio, na prefeitura de Fukushima, Soma foi uma das cidades ficou devastada na sequência do sismo e tsunami de 2011. Agora, o vice-presidente da câmara, Katsuhiro Abe, não têm a certeza se se pode dizer que não teriam conseguido o que estão a conseguir no que diz respeito à vacinação contra a Covid-19 se não tivesse sido esse grande desastre, mas não tem dúvidas que o sucesso resulta da conjunção da experiência do governo local com a experiência do povo em unir-se.
Abe resume, à Reuters, que o sismo e o tsunami, que fez água do Pacífico entrar quatro quilómetros dentro de terra e que matou 450 dos seus residentes, ensinaram a Soma a importância de estabelecer planos e comunicá-los com clareza – e não esperar que os planos cheguem de Tóquio -, trabalhar em proximidade com os profissionais médicos locais e concentrar as pessoas afetadas em locais específicos.
Em relação às economias desenvolvidas, o Japão está muito atrás no processo de vacinação, com 12% da população com, pelo, menos uma dose. Na lista dos mais atrasados segue-se França e já conta com 42 por cento.
Soma, por seu lado, já inoculou 84% dos seus idosos – são 28% a nível nacional – e já está a apontar os seus esforços para os mais novos, esperando chegar à faixa dos 16 anos no final de julho, a tempo do início dos Jogos Olímpicos, embora a dimensão da sua população ajude a explicar o sucesso: apenas 35 mil pessoas.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, espera ter a totalidade da sua população mais idosa com a vacinação completa em julho e de todos os adultos em novembro, mas, para isso, o país precisaria de passar para um milhão de vacinas por dia, o que é significativamente mais do que o recorde de 700 mil atingido até agora.
Se o Japão só deu início ao seu processo de vacinação em fevereiro, os líderes e médicos de Soma já em dezembro estavam a delinear os planos e a fazer simulações. A cidade estabeleceu um local central para a administração das vacinas, com os residentes a serem chamados por quarteirão e autocarros à disposição dos que não podem deslocar-se por si próprios.
Como explica Abe à Reuters, os residentes aprenderam a olhar uns pelos outros, enquanto os responsáveis aprenderam a trocar rapidamente o seu trabalho de escritório pelo da gestão de crise.
“A estratégia precisa de ser estabelecida à medida de cada cultura e contexto locais”, defende Kenji Shibuya, que se demitiu do cargo de diretor do Instituto para a Saúde da População da King’s College London para ajudar o plano de vacinação contra a Covid de Soma. “É uma guerra”, conclui.