“O meu colega polaco deu um contributo idêntico ao que os restantes 26 colegas deram. Todos demos as nossas sugestões, as nossas propostas, os nossos pontos de vista sobre os diferentes temas que estão em discussão. (…) Houve posições muito diversas, acho que não é possível sintetizar que havia 26 com uma posição e que havia o meu colega polaco com uma posição diversa”, referiu o primeiro-ministro português.
António Costa falava aos jornalistas portugueses em Bruxelas à saída da cimeira extraordinária europeia, que decorreu entre segunda-feira e hoje e se prolongou devido à discussão sobre o clima.
Interrogado sobre a diferença entre o documento de conclusões pré-preparadas antes do Conselho Europeu relativas ao clima e as conclusões que foram efetivamente publicadas após a cimeira — os líderes retiraram um dos pontos previamente redigido, que explicitava, entre outros, como é que os Estados-membros devem repartir os cortes nas emissões de maneira a atingir as metas climáticas –, António Costa referiu que o debate “revelou que o conjunto de orientações era muito rico e diverso, e portanto, difícil de sintetizar num comunicado”.
“Houve muitos pontos em que o meu colega polaco estava de acordo com a generalidade dos membros do Conselho, houve outros colegas que tiveram posições diferentes sobre outras matérias”, referiu António Costa.
Abordando assim o pacote legislativo ‘Fit for 55’ — que foi o cerne da discussão dos líderes sobre o clima e que consiste num pacote, que a Comissão Europeia pretende apresentar em 14 de julho, para rever um conjunto de legislações europeias por forma a que a UE atinja as metas climáticas que estipulou na Lei Europeia do Clima — António Costa sublinhou que, perante um pacote que procura “alterar cerca de 15 diplomas diferentes” é “natural que haja posições muito diversas”.
Nesse sentido, o primeiro-ministro considerou que “o trabalho que era fundamental fazer”, nomeadamente “apoiar a Comissão na elaboração desse documento”, ficou “registado” durante a cimeira de líderes.
“Aquilo que ficou aqui expresso foi dar mandato à Comissão para que a Comissão apresente em julho o conjunto destas propostas, tendo em conta quais são as posições que já conhece que os diferentes Estados-membros têm sobre um conjunto de questões-chave”, sublinhou António Costa.
Durante a reunião que terminou hoje, os líderes dos 27 procuraram focar-se em como atingir as novas metas climáticas, após as negociações sobre a Lei Europeia do Clima terem sido concluídas em abril entre a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e o Parlamento Europeu (PE), com a UE a comprometer-se a reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa em, pelo menos, 55% até 2030, em comparação com 1990.
Contrariamente ao documento inicial que tinha circulado antes da cimeira dos líderes — onde se estabelecia que o Regulamento de Partilha de Esforços também serviria para estipular como é que os Estados-membros iriam repartir os cortes de emissões — as conclusões publicadas após o Conselho remetem o assunto para uma cimeira posterior.
TEYA/ACC/ANE // MDR