No exterior de um tempo na capital indiana, Nova Deli, um grupo de voluntários Sikh administra oxigénio a doentes deitados em bancos das tendas de campanha. A cada 20 minutos, chega um paciente novo. Mas o oxigénio não se multiplica. “Ninguém devia morrer por falta de oxigénio”, lamenta Gurpreet Singh Rummy, o responsável pelo serviço, em declarações à agência Reuters.
Os hospitais estão a abarrotar (do país chegam notícias de pacientes a morrer nas ambulâncias e nos parques de estacionamento das unidades), falta oxigénio em todo o lado e morgues e crematórios não chegam para o número de mortos. E os profissionais de saúde, claro, também não. Segunda-feira era dia de exames para os médicos e enfermeiros internos, mas o país decidiu adiar as provas para os libertar e reforçar, assim, o já há muito sobrecarregado sistema de saúde.
Desde o início da pandemia, morreram perto de 220 mil pessoas na Índia, resultado dos quase 20 milhões de casos, um número astronómico alimentado, nas últimas duas semanas, por 300 mil novas infeções diagnosticadas por dia. No sábado, o país ultrapassou, pela primeira vez, os 400 mil casos diários.
Esta segunda onda devastadora de Covid-19 faz da Índia o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos Estados Unidos, e o quarto com mais óbitos, depois dos EUA, do Brasil e do México.
Os modelos criados por uma equipa de conselheiros do Governo apontam para um pico de casos já amanhã, quarta-feira, uns dias antes da previsão anterior.
O país de 1,3 mil milhões de habitantes iniciou, no fim de semana, uma nova fase da campanha de vacinação para abranger todos os maiores de 18 anos, embora algumas regiões indianas tenham indicado ter falta de doses. O ritmo de vacinação tem sido lento desde o início da campanha, em janeiro, com 157 milhões de doses administradas até agora.