“Roubar um documento, um áudio, isso é algo que precisa ser investigado. Porquê, então, neste momento?”, disse o Presidente Hassan Rohani durante a reunião do seu gabinete, declarações que foram transmitidas pela televisão iraniana.
A divulgação da gravação ocorre “no momento em que as negociações de Viena estavam no auge do sucesso, de modo a criar discórdia dentro” do Irão, segundo o Presidente iraniano.
“Só podemos suspender as sanções [impostas ao país] por meio da unidade”, acrescentou Rohani.
Meios de comunicação estrangeiros, incluindo o New York Times, publicaram nos últimos dias trechos de uma alegada gravação de uma conversa do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, a criticar o papel do general Qassem Soleimani na política externa do país.
Segundo um excerto publicado pelo diário norte-americano, o ministro disse: “Na República Islâmica, o campo militar reina. Sacrifiquei a diplomacia em (benefício) do campo militar”, no entanto, o “campo militar” deveria estar “ao serviço da diplomacia”.
Já hoje, Zarif fez os primeiros comentários públicos sobre a polémica, na rede social Instagram.
“Lamento muito que uma discussão teórica secreta sobre a necessidade de aumentar a cooperação entre a diplomacia e o campo (militar), para que os próximos oficiais usem as valiosas experiências dos últimos oito anos, se tenha tornado um conflito interno”, escreveu o ministro.
No entanto, Zarif não chegou a desculpar-se pelas suas observações diretamente. Zarif disse que os comentários honestos sobre o que percebeu como errado foram interpretados como crítica pessoal.
“Eu não me censurei, porque isso é uma traição ao povo”, escreveu Zarif.
Os comentários polémicos do ministro Zarif, que falou sobre a influência dos militares na diplomacia iraniana, vieram à tona enquanto o Irão e as principais potências estavam a negociar em Viena para trazer os Estados Unidos de volta ao acordo nuclear iraniano.
O acordo de 2015 foi abandonado pelos Estados Unidos sob a administração do Presidente Donald Trump, em 2018.
Os representantes dos Estados ainda signatários do acordo (Irão, China, Rússia, França, Alemanha, Reino Unido) reuniram-se na terça-feira na capital austríaca e concordaram em “acelerar o processo”, segundo Teerão, para salvar o acordo.
Concluído em 2015 durante o primeiro mandato de Rohani, após longas negociações lideradas por Zarif, o acordo tinha como objetivo conceder alívio das sanções impostas ao Irão em troca de limites ao seu programa nuclear.
Mas começou a desmoronar em 2018, quando Trump tirou os Estados Unidos do acordo e novamente impôs sanções. Em resposta, o Irão intensificou as suas atividades nucleares um ano depois.
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“Nós acreditamos que esse roubo de dados é uma conspiração contra o Governo, o sistema, a integridade das instituições nacionais e também contra nossos interesses nacionais”, disse hoje o porta-voz do Governo, Ali Rabii, aos jornalistas.
“O Presidente mandou que o Ministério dos Serviços de Informação identificasse os agentes dessa conspiração”, declarou, dizendo ainda que o registo da entrevista foi “roubado por motivos óbvios”, sem dar maiores detalhes.
Meios de comunicação estrangeiros, incluindo o New York Times, publicaram nos últimos dias trechos de uma alegada gravação de uma conversa do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, sem especificar como obtiveram o áudio.
Segundo um excerto publicado pelo diário norte-americano, o ministro disse: “Na República Islâmica, o campo militar reina. Sacrifiquei a diplomacia em (benefício) do campo militar”, no entanto, o “campo militar” deveria estar “ao serviço da diplomacia”.
Zarif não comentou a polémica, mas divulgou hoje um breve áudio na rede social Instagram.
“Eu acredito que vocês não deveriam estar a trabalhar para a história (…). Eu digo que não se preocupem tanto com a história, mas preocupem-se com Deus e as pessoas”.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Said Khatibzadeh, na segunda-feira, não negou a autenticidade da gravação, mas disse foi tirada de uma entrevista de sete horas que incluía “opiniões pessoais”.
Os comentários provocaram fortes críticas dos meios de comunicação e de políticos conservadores, sendo o caso do general Soleimani um assunto delicado no país.
Apelidado de “o homem do campo de batalha”, Qassem Soleimani foi morto durante um ataque de ‘drones’ norte-americanos, em Bagdade, em janeiro de 2020.
Soleimani era o chefe da Força Quds, encarregado das operações externas da Guarda Revolucionária, braço ideológico do exército islâmico República do Irão.
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