Eram 20h56 em Portugal quando o robô Perseverance, da missão da NASA, pousou na superfície de Marte, a 18 de fevereiro, para recolher amostras do solo e de outros elementos do planeta. Quase um mês depois, o robô já tem novidades para contar: a análise das rochas encontradas até agora indica que elas podem ter sido alteradas pelo vento e pela água.
Com 25 câmaras a bordo, a maior parte dedicada a garantir uma navegação em segurança e algumas para analisar a superfície marciana, o Perseverance divulgou as primeiras imagens do Planeta Vermelho uns dias depois de lá ter pousado, onde se pôde ver a sua superfície rochosa e as suas colinas.
A 4 de março, o robô realizou a sua primeira viagem pelo planeta, cobrindo mais de 6 metros de toda a paisagem, tendo os cientistas já determinado, a partir das imagens que vão sendo recolhidas, que várias delas são quimicamente semelhantes às rochas vulcânicas da Terra, e que o vento, mas também a água, parecem ter erodido algumas delas, assim anunciaram numa conferência realizada esta terça-feira.
O robô utilizou um instrumento a laser que atinge as rochas e permite vaporizar pequenas porções para estudar a sua composição química. A partir dessa análise, conseguiu determinar-se também que uma das rochas encontradas, que os cientistas denominaram Yeegho, mostra sinais de ter água presa nos seus minerais.
As principais experiências científicas do robô ainda não acontecem para já: os cientistas têm testado as suas ferramentas, e espera-se que venha a ser implantado no Perseverance um conjunto de ferramentas – incluindo uma broca, uma câmara que permite imagens em close-up e sensores químicos – para se encontrarem sinais de vida passada nas rochas do planeta. Os cientistas continuam, também, a trabalhar no planeamento da viagem do robô – que acontecerá depois de junho – a partir do seu local de pouso, na Cratera Jezero, até aos penhascos de 40 metros do antigo delta do rio, que é o alvo da missão, onde os cientistas acreditam que se possa vir a encontrar vida microbiana antiga.
Antes disso, espera-se que possam ser realizados, nas próximas semanas, os testes de voo ao seu helicóptero, o Ingenuity, numa área próxima do local onde o rover está “instalado”, enquanto o Perseverance grava um vídeo do momento. O passo seguinte a estes testes será a perfuração e extração de uma amostra de rocha fraturada que constitui grande parte do solo da Cratera de Jezero, que os cientistas acreditam que possa vir a ajudar a determinar a idade do fundo da Cratera.
O “Mars Perseverance Rover” partiu em julho de 2020 e, durante a sua permanência em Marte, vai recolher cerca de 30 tubos com amostras de rochas e solo marcianos, colocando-os, depois, na sua superfície para que uma missão futura possa recuperá-los e trazê-los de volta à Terra, mas não antes de 2031. Esta missão, de acordo com a NASA, “abre caminho para a exploração humana do Planeta Vermelho”.