Os protestos, espalhados por diferentes partes das cidades mais importantes de Myanmar (antiga Birmânia), foram duramente reprimidos pelas forças de segurança, que em alguns locais dispararam munições reais e granadas de mão.
Em Rangum, a cidade mais populosa do país, a polícia disparou contra um grupo de cem manifestantes do movimento de desobediência civil, principalmente jovens.
Durante o protesto, o jornalista ‘freelance’ e cineasta japonês Yuki Kitazumi foi detido e mantido no posto de polícia de Sanchaung, a antiga capital de Myanmar, até à sua libertação, menos de quatro horas depois.
A prisão de Kitazumi, que cobria o protesto, é a primeira de um repórter estrangeiro desde que a junta militar realizou o golpe de Estado, em 01 de fevereiro.
Incidentes violentos também ocorreram em Mandalay, a segunda cidade mais populosa, onde se registou pelo menos um ferido, e em Naypyidaw, a atual capital de Myanmar, onde pelo menos 20 pessoas foram detidas, depois de a polícia ter usado granadas de mão para dispersar os protestos.
A Associação de Assistência a Presos Políticos indica que, desde o golpe militar, pelo menos oito pessoas morreram, três delas com tiros policiais, enquanto outras 748 foram detidas, incluindo 62 que já foram libertadas entretanto.
Na quinta-feira, apoiantes da junta militar atacaram manifestantes contra o novo regime, usando barras de ferro e facas, perante a passividade das autoridades policiais.
No final do dia, a polícia compareceu em força em Rangum, tentando afastar os manifestantes que protestavam contra a nomeação de um militar para uma empresa do Estado, fazendo várias detenções.
As manifestações de protesto contra a junta militar têm subido de tom, apelando à restauração da democracia e à libertação dos políticos eleitos detidos pelas forças de segurança, incluindo a líder deposta Aung San Suu Kyi.
Os militares justificam o golpe de estado alegando fraude eleitoral cometida nas eleições legislativas de novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, venceu por esmagadora maioria.
Tanto os observadores internacionais como a comissão eleitoral deposta pela junta militar após a tomada do poder, negaram a existência de irregularidades, apesar da insistência de alguns comandantes do Exército, cujo partido detém 25% dos lugares no Parlamento.
A comunidade internacional tem anunciado sanções contra os líderes do golpe militar, incluindo o general Min Aung Hlaing, presidente do Conselho Administrativo de Estado e autoridade máxima em Myanmar.
Na quinta-feira, a rede social Facebook bloqueou todos os perfis relacionados com o novo regime em Myanmar, incluindo os do Governo e dos meios de comunicação agora controlados pela junta militar, devido ao “grave registo de violações dos direitos humanos cometidas pelo Exército e o óbvio risco de incidentes violentos incitados pelos militares”.
RJP // EL