O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) manifestou hoje “a sua profunda preocupação com a violência e insegurança no contexto das eleições presidenciais e parlamentares de 27 de dezembro” na República Centro-Africana, disse o porta-voz do ACNUR, Boris Sheshirkov, numa conferência de imprensa.
Cerca de 185.000 pessoas fugiram para o mato e para a floresta desde 15 de dezembro, principalmente como medida preventiva.
Muitos regressaram desde então às suas casas, mas as Nações Unidas estimam que cerca de 62.000 ainda estão deslocados.
A violência eleitoral também obrigou mais de 30.000 pessoas a fugirem para os países vizinhos Camarões, Chade, República Democrática do Congo (RDC) e Congo.
Quase 24.200 atravessaram o rio Oubangui, onde o ACNUR intensificou a sua presença, para chegar às províncias de Bas-Uélé e North Ubangui na RDCongo. Pelo menos 15 mil chegaram à aldeia de Ndu, na sequência de ataques nas cidades centro-africanas de Damara e Bangassou nos dias 02 e 03 de janeiro, segundo a mesma fonte.
O ACNUR expressou preocupação com as notícias de violações dos direitos humanos na República Centro-Africana e apelou aos países vizinhos para que continuem a conceder acesso às pessoas que procuram segurança.
A dupla eleição – presidenciais e legislativas – decorreu num país mergulhado no caos e na violência desde 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a missão das Nações Unidas naquele país (Minusca) e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.
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