O anúncio de Ulisses Correia e Silva surge depois de o Governo ter prorrogado, domingo, apenas nas ilhas de Santiago e do Fogo, o estado de calamidade, até ao final do dia 14 de novembro, o que não aconteceu para a ilha do Sal, a mais turística do arquipélago, com o primeiro-ministro a justificar a decisão com os “números baixos” da pandemia (três casos ativos dos 739 em todo o país).
Tal como as restantes, a ilha do Sal passou a estado de contingência, com várias medidas restritivas levantadas, apesar de o primeiro-ministro admitir que os sinais internacionais, sobretudo com os vários confinamentos já decretados na Europa, são “preocupantes”.
“Esta gestão da pandemia é quase uma gestão de navegação à vista. A situação pode-se alterar de um dia para o outro”, disse o chefe do Governo, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita a escolas da cidade da Praia.
“Mas há sempre uma janela de oportunidade. Nós temos estado a trabalhar diretamente com os principais operadores turísticos, já há lançamento de oferta para a vinda a Cabo Verde, de voos organizados, e esperamos que se concretize. Tudo deverá acontecer a partir de 15 de dezembro”, destacou Ulisses Correia e Silva.
Com a prorrogação do estado de calamidade nas duas ilhas mais afetadas atualmente pela pandemia, Santiago e Fogo, e com o estado de contingência para todas as restantes, passou a ser obrigatória a realização de testes rápidos de despiste à covid-19 para todos os passageiros das ligações interilhas com destino ao Sal e à Boa Vista, as duas principais ilhas turísticas de Cabo Verde.
Ulisses Correia e Silva insistiu no apelo à população, para que “continue a manter as medidas de proteção”, como a higienização, uso de máscara de proteção e o distanciamento social.
“Independentemente do estado em que estivermos, é necessário que todos façam, particularmente na ilha do Sal, porque nós estamos a preparar a ilha para o retorno ao turismo e é fundamental que cada um seja o guardião da proteção, quer dizer guardião também do emprego, do rendimento, da atividade económica. Porque sem um bom controlo da pandemia teremos dificuldade em fazer a retoma económica”, enfatizou.
Cabo Verde suspendeu as ligações internacionais a 18 de março e apenas em 12 de outubro voltou a autorizar voos regulares comerciais de passageiros, mas ainda sem o regresso da oferta turística dos grandes operadores, que promoviam o destino de sol e praia do arquipélago.
Para esta retoma do turismo — que garante 25% do Produto Interno Bruto do país, recorde de 819 mil turistas em 2019 -, o Governo afirmou anteriormente que Cabo Verde está “em condições e preparado”, após a conclusão da auditoria ao setor da saúde e da certificação de 500 estabelecimentos turísticos.
Segundo informação anterior do executivo, foi concluída “com sucesso” a primeira fase da implementação das diretrizes Posi-Check, para instalações médicas regionais, tendo sido certificados e aprovados os centros e unidades de cuidados intensivos de covid-19 no Hotel Sabura e no Hospital Ramiro Figueira, ambos na ilha do Sal.
Igualmente certificados por esta auditoria internacional, conduzida pela consultora Intertek Cristal, foram o novo centro de Saúde de Santa Maria (Sal) e da Clínica de Boa Esperança e delegacia de Saúde, ambas na Boa Vista, sendo estas as duas principais ilhas turísticas de Cabo Verde.
“Iniciativa do Governo de Cabo Verde, o programa de auditoria Posi-Check foi projetado para atender às necessidades atuais e futuras, no sentido de formular e monitorar uma resposta eficaz à mitigação da propagação da covid-19 em Cabo Verde. O mesmo representa um investimento e uma forte aposta na criação de condições sanitárias adequadas para a retoma do turismo no país”, apontou um comunicado do executivo.
Paralelamente, desde junho que está em curso o programa de certificação “Cabo Verde Turismo”, que consiste na preparação dos estabelecimentos ligados ao setor e subsetores do turismo, como aeroportos, portos, transferes, táxis, restaurantes, agências de viagens e excursões, empresas de aluguer de viaturas, casinos e outros.
Até ao momento, participaram neste programa de certificação cerca de 500 estabelecimentos, praticamente 1.300 participantes, em todas as ilhas, pelo que o Governo entende que, com estas medidas, o “país está em condições e preparado para chegada dos turistas”.
PVJ // PJA