Foi a primeira vez que o método foi utilizado para relocalizar um edifício histórico na maior cidade da China, país que, graças a uma rápida modernização, tem visto muitos edifícios históricos serem reduzidos a pó, para, em seu lugar, fazer crescer arranha-céus cintilantes. Mas a crescente preocupação com o património arquitetónico parece estar a surtir efeitos – e, há poucos dias, os habitantes de Xangai, a maior cidade chinesa, depararam-se com uma visão invulgar.
Com a ajuda da robótica mais avançada, uma antiga escola com mais de 80 anos – e 7 600 toneladas – foi literalmente levantada do chão e colocada na sua nova localização. Num esforço para preservar estruturas da história do país, os especialistas contratados colocaram cerca de 200 apoios móveis, que funcionam como pernas robotizadas, debaixo daquele edifício de cinco andares – e deslocaram-no mais de 60 metros. No espaço onde estava deverá crescer um novíssimo complexo comercial e de escritórios, a concluir até 2023.
Sempre melhor do que demolir
O segredo para o sucesso do empreendimento residiu nuns sensores específicos, aplicados nas tais pernas robotizadas, para que soubessem para onde se podiam mover, como explicou à CNN Lan Wuzi, supervisor técnico do projeto e responsável da Shanghai Evolution Shift, a empresa que há um par de anos desenvolveu aquela tecnologia. “É como se lhe tivéssemos dado muletas para que pudesse levantar-se e andar”, explicou.
Antes de mais, foi preciso escavar em redor da construção para instalar os cerca de 200 apoios móveis e só então as tais pernas robóticas foram estendidas para cima, levantando o edifício antes de avançarem. Depois, ao longo de 18 dias, o prédio foi rodado cerca de 21 graus e deslocado exatamente 62 metros para a sua nova localização.
Agora que a aventura terminou com êxito, o antigo edifício escolar deverá tornar-se um centro de proteção do património e educação cultural. “A recolocação não será a opção ideal”, sublinhou ainda o mesmo responsável, “mas é sempre melhor do que a demolição”.