“Para nós, é mais um momento de encorajar o camarada Presidente e saudá-lo pela busca constante da paz”, declarou o porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Caifadine Manasse, durante uma conferência de imprensa hoje em Maputo.
A trégua, anunciada pelo chefe de Estado moçambicano no sábado, durante um retiro da Frelimo em Pemba (Cabo Delgado), começou no domingo e terá a duração de uma semana.
Para o porta-voz da Frelimo, a trégua é uma oportunidade para “a Renamo se reencontrar”, dialogando internamente para a resolução definitiva do problema que existe há pouco mais de um ano.
“Queremos apelar à Renamo para que aproveite esta oportunidade para dialogar internamente, de forma a que esta situação da Junta Militar da Renamo fique no passado”, declarou Caifadine Manasse.
Em declarações hoje à Lusa, Mariano Nhongo, líder dissidente daquela guerrilha, disse estar disponível para “negociar com o Governo” uma solução para acabar com os ataques armados do seu grupo no centro do país.
“A Junta Militar está disposta a negociar com o Governo, mas só se for uma negociação de verdade”, disse em declarações por telefone, em reação à trégua anunciada.
A Junta Militar da Renamo é um movimento de ex-guerrilheiros dissidentes do principal partido da oposição de Moçambique que contesta o líder eleito no congresso de 2019, Ossufo Momade, e as condições de desmilitarização, desarmamento e reintegração por ele negociadas com o Governo.
O grupo surgiu em junho de 2019 e ameaçou pegar nas armas caso não fosse ouvido nas reivindicações de destituição da liderança da Renamo e quanto a uma renegociação do acordo de paz que Momade assinou em agosto do último ano com Nyusi.
Desde então, é o principal suspeito da morte de cerca de 30 pessoas em ataques contra autocarros, aldeias e elementos das Forças de Defesa e Segurança no centro do país, mas ao mesmo tempo tem recusado vários apelos ao diálogo, inclusive patrocinados pelas Nações Unidas e União Europeia, entre outros parceiros.
A violência acontece na mesma altura em que o país enfrenta uma crise humanitária no norte, na província de Cabo Delgado, onde uma insurgência armada que dura há três anos já provocou entre 1.000 a 2.000 mortos e 300.000 deslocados.
EYAC (LFO) // JH