Quase três meses após a morte que desencadeou uma série protestos sobre o abuso policial e o ódio racial, Peter Cahill, juiz do condado de Hennepin, autorizou a divulgação das imagens que demonstram todo o episódio, agora na perspetiva dos antigos agentes Thomas Lane e J. Alexander Kueng.
A 8 de julho, foi divulgado um documento de 82 páginas com todo o diálogo ocorrido a 25 de maio, dia da detenção de Floyd. As filmagens, que podiam apenas ser consultadas por jornalistas, foram divulgadas esta segunda-feira ao público.
A polícia foi chamada a intervir após George Floyd ter alegadamente feito um pagamento com uma nota de 20 dólares falsa. Thomas Lane dirige-se ao carro de Floyd, bate com o bastão na viatura, exige que este levante as mãos e em seguida aponta-lhe a arma.
A detenção torna-se rapidamente violenta e Floyd pede aos agentes para não o matarem. “Eu não sou esse tipo de pessoa”, diz visivelmente transtornado. Revela também ser claustrofóbico e estar assustado por já ter sido ferido por uma arma anteriormente.
Depois de removerem Floyd da viatura e de o algemarem, os agentes tentam forçar a sua entrada numa carrinha policial. É aqui que começa a gritar e a avisar que não consegue respirar.
Após uns minutos, é possível ver o corpo de Floyd estendido no chão com o joelho de Derek Chauvin, o agente responsável pela morte do afro-americano, sobre a sua garganta. Foi neste momento que Darnella Frazier, uma adolescente de 17 anos, começou a gravar toda a cena que rapidamente se tornou viral nas redes sociais.
À medida que George Floyd vai repetindo as palavras “Não consigo respirar”, a sua voz vai enfraquecendo até ao ponto em que perde a consciência.
Durante a detenção é possível ouvir um dos agentes a dizer que pensa que Floyd não está a responder, mas a mesma força continua a ser aplicada. Um dos polícias pergunta se estão todos bem ao que Lane responde “O meu joelho deve estar um pouco arranhado, mas sobrevivo”.
Transeuntes preocupados pedem que a polícia verifique se Floyd consegue respirar. Passado algum tempo, Kueng verifica o seu pulso e diz não conseguir sentir nada.
É depois possível ver o corpo de Floyd já sem qualquer sinal de vida, a ser transportado para a ambulância e dentro da mesma, onde são realizadas, em vão, as manobras de reanimação.
Derek Chauvin, que pressionou o seu joelho durante 8 minutos contra Floyd, levando à sua morte, foi acusado de homicídio em segundo grau. Lane, Kueng e Tou Thao, outro agente presente, foram acusados de serem cúmplices de homicídio em segundo grau.