Wael Al Awar e Kenichi Teramoto, arquitetos da waiwai, uma empresa internacional de arquitetura e design urbano, desenvolveram uma técnica que possibilita a formação de cimento a partir de água salgada proveniente das centrais de dessalinização dos Emirados Árabes Unidos, que separam o sal da água do mar.
Através do estudo das chamadas sabkhas, salinas naturais caraterísticas das regiões mais secas do país, os arquitetos perceberam que a produção de salmoura (água salgada) feita a partir das centrais de dessalinização poderia ser reaproveitada no setor. O subproduto contém minerais de magnésio que, ao serem transformados em cimento, podem ser tão eficazes como os materiais tradicionais.
Devido à escassez de água doce, os Emirados Árabes Unidos têm uma das maiores atividades de dessalinização do mundo. Segundo o relatório de 2019 da ONU, o país produz aproximadamente um quinto da salmoura do mundo como subproduto, o que equivale a cerca de 28 milhões de metros cúbicos por dia. No entanto, se o composto for despejado ao mar pode afetar a vida marinha. O principal desafio é, então, encontrar soluções para aproveitar o produto, sem prejudicar o meio-ambiente.
O procedimento para a formação dos blocos de sal consiste em extrair magnésio da salmoura, que é rica em minerais. Depois, o material é moldado no formato de blocos que, posteriormente, são deixados a repousar numa câmara de dióxido de carbono, para endurecer. Citada pela CNN, Mika Araki, designer da Universidade de Tóquio, afirma que foi desenvolvido um algoritmo para calcular a segurança dos blocos que podem vir a ser utilizados nas construções.
Segundo Al Awar, citado pela CNN, com este novo procedimento, poderá ser possível construir um edifício de um andar “numa manhã”. No entanto, os dois arquitetos têm como objetivo desenvolver o produto de modo a construir edifícios de maior dimensão.
Apesar da inovação, o cimento construído com base em magnésio tem algumas limitações que devem ser consideradas. Como é um produto feito à base de sal, a sua composição precisaria de ser reforçada com outros materiais de modo a não corroer.
Segundo a Agência Internacional de Energia, o setor do cimento é o terceiro maior consumidor de energia industrial do mundo, sendo responsável por 7% das emissões globais de dióxido de carbono. Assim, é importante desenvolver estratégias que possam, de alguma forma, contribuir para a diminuição do consumo de energia no setor.
Al Awar afirma que tanto ele como Teramoto estão motivados para inovar a arquitetura, tornando-a mais sustentável e ecológica: “Dadas as emissões de CO2 e o aquecimento global, bem como todos os alarmes que tocam há tantos anos, é o nosso dever – e a nossa responsabilidade – tomar uma posição.”