No dia 9 de janeiro de 2020, Robert Williams foi preso à porta da sua casa, sem lhe ser explicado o porquê da sua detenção. Depois de várias horas, Williams entendeu que estava a ser acusado de roubo porque um sistema de reconhecimento facial o identificou como suspeito. Agora, a União Americana das Liberdades Civis (ACLU) apresentou uma queixa ao Departamento de Polícia de Detroit sobre o que a defesa alega ser a primeira prisão ilícita conhecida do país envolvendo o reconhecimento facial.
De acordo com a queixa e com a descrição que Williams fez no The Washington Post, o suspeito estava a entrar em casa, em Farmington Hills, no Michigan, quando foi abordado pela polícia. Com a mulher e as filhas a assistir, a polícia prendeu Robert e levou-o para a esquadra de Detroit onde esteve detido durante 30 horas numa cela “imunda e sobrelotada”.
Robert Williams estava a ser acusado de ter assaltado uma loja de relógios que tinha sido roubada um ano e meio antes. O suspeito conta que, quando chegou à sala de interrogatório, mostraram-lhe uma fotografia pouco nítida de um homem negro e perguntaram-lhe se a fotografia era dele, à qual respondeu que não. Williams colocou a fotografia do assaltante ao pé da sua cara e disse “eu espero que vocês não pensem que todos os homens negros são parecidos”. A polícia deteve Robert apenas com a prova do sistema de reconhecimento facial.
Os sistemas de reconhecimento facial normalmente utilizam um software para identificar a imagem de um rosto com os armazenados no banco de dados. O sistema comparou a fotografia do assaltante e a antiga fotografia da carta de condução de Robert Williams e associou que fossem a mesma pessoa.
Num comunicado, o Departamento de Polícia de Detroit disse que o software de reconhecimento facial é “uma ferramenta de investigação usada para gerar pistas” e que exige um “trabalho de investigação adicional, corroborando evidências e causas prováveis” antes de fazer uma detenção, algo que os polícias que prenderam Williams, alegadamente, não fizeram.
Não se sabe ao certo quais são as instituições e organizações que utilizam este tipo de tecnologia até porque não existe nenhum tipo de legislação sobre este assunto, mas sabe-se que existem cada vez estudos que defendem a sua utilização. Os principais críticos desta tecnologia argumentam que esta tecnologia é discriminatória e racista, identificando todos negros e asiáticos como iguais.
A ACLU, que está a representar Williams, pretende que, para além de um pedido de desculpas público, a polícia de Detroit deixe de utilizar esta tecnologia como ferramenta de investigação e pede ainda que todas as fotografias de Williams sejam removidas de qualquer banco de dados de reconhecimento facial. A organização acredita que, apesar de Williams ser o único caso conhecido, existam situações semelhantes.