A NASA anunciou ontem que o edifício da sua sede em Washington terá o nome de Mary W. Jackson, a primeira mulher engenheira afro-americana da agência. Matemática e engenheira aeroespacial, contribuiu para o sucesso dos EUA na corrida ao espaço e liderou programas que influenciaram a contratação e a promoção de mulheres nas carreiras científicas dentro da NASA.
“Mary W. Jackson fazia parte de um grupo de mulheres muito importantes que ajudaram a NASA a colocar astronautas americanos no espaço. Mary nunca aceitou o statu quo, ajudou a quebrar barreiras e a abrir oportunidades para afro-americanos e mulheres no campo da engenharia e tecnologia”, disse em comunicado Jim Bridenstine, administrador da NASA.
Jackson é uma das “Hidden Figures”, ou dos “Elementos secretos”, nome em português do filme que tornou célebre a sua história e as de Katherine Johnson e Dorothy Vaughan, as outras matemáticas então também contratadas pela NASA, sendo interpretada no grande ecrã por Janelle Monae. “Mas não será mais uma figura escondida, oculta da nossa história. E continuaremos a reconhecer as contribuições de mulheres, afro-americanos e pessoas de todas as origens que tornaram possível a bem-sucedida história de exploração da NASA”, acrescentou.
“Estamos honrados por a NASA continuar a comemorar o legado da nossa mãe e avó Mary W. Jackson”, disse Carolyn Lewis, filha de Mary. “Ela era uma cientista, humanitária, esposa, mãe e pioneira que abriu o caminho para que milhares de outras pessoas tivessem sucesso, não apenas na NASA, mas em todo o país.”
A Unidade de Computação da Área Oeste, onde Mary trabalhava, ficou conhecida em 2016 com o livro de Margot Lee Shetterly “Figuras ocultas: o sonho americano e a história não contada dos matemáticos das mulheres negras que ajudaram a vencer a corrida espacial”. A adaptação cinematográfica do livro saiu no mesmo ano, disseminando a história de sucesso do grupo de cientistas.
Em 2019, depois de um projeto de lei bipartidário ter sido aprovado no Congresso, uma parte da rua em frente à sede da NASA foi renomeada como “Hidden Figures Way”. No mesmo ano, Donald Trump atribuiu a Medalha de Ouro do Congresso às “Figuras Ocultas” Katherine Johnson, Dorothy Vaughan, Christine Darden e Mary Jackson, que recebeu a honra postumamente, pois faleceu em 2005.
“As instalações da NASA em todo o país têm o nome de pessoas que dedicaram as suas vidas a empurrar as fronteiras da indústria aeroespacial. A nação está a começar a despertar para uma maior necessidade de honrar toda a diversidade de pessoas que ajudaram a abrir caminho na nossa grande nação”, afirma Bridenstine.
Esta decisão da NASA surge numa altura em que os EUA atravessam um período de debate intenso sobre a forma como os afro-americanos são tratados pelas instituições, na sequência da morte de George Floyd às mãos de um polícia.